Lula volta em caso de risco

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não é candidato a presidente nem se comporta como se fosse. Mas os petistas já discutem com relativa naturalidade uma eventual troca de lugar com Dilma, no início de 2014, caso “o projeto”, como dizem, esteja ameaçado de uma derrota nas urnas. A substituição da cabeça de chapa era assunto fora de cogitação até a entrada de Marina Silva na campanha de Eduardo Campos, aos 44 minutos do segundo tempo, criando uma situação inteiramente nova. Lembrando que nem o PSB pode ter certeza de que Eduardo Campos será candidato a presidente, os petistas acham que também têm o direito de pensar num eventual “Volta, Lula”.

A guerra pela água
Com a seca prolongada no Nordeste, a água tornou-se alvode uma guerra política. Para evitar troca de água por votos em 2014, o Ministério da Integração quer usar cisternas, em locais definidos, onde cada um pode se abastecer como quiser. A maioria dos candidatos prefere distribuição por carros-pipa, que levam a água à casa do freguês, quer dizer, do eleitor.

Diretor zumbi
Afastado do cargo pelo ministro da Agricultura em 27 de setembro, o diretor de polícia agrícola da Conab, Silvio Porto, até hoje não foi exonerado. Sob investigação da Polícia Federal por envolvimento com uma quadrilha que desviava recursos do Fome Zero, Porto até participou da divulgação do Plano Safra.

Banheiros em reforma
No capítulo dos banheiros do Judiciário, a novidade mais recente envolve o Superior Tribunal Militar (STM). A instituição vai gastar R$ 50 mil para reformar os banheiros do gabinete do ministro Álvaro Luiz Pinto.

Charge

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Obama alivia Dilma
O acordo entre Barack Obama e o Congresso mudou os humores na campanha de Dilma, receosa de entrar em 2014 com o dólar em alta, o que gera inflação, ou em baixa, que prejudica exportações. Sem pressões externas negativas, o governo volta a falar em crescimento de pelo menos 3% no ano que vem, patamar de grande utilidade na caça aos votos.

Direito à honra
A ministra Gleisi Hoffmann contratou o advogado do PPS do Paraná Luiz Fernando Pereira, filho do ex-governador Mario Pereira, para processar o blogueiro Ucho Haddad, que a teria ofendido. Seu marido, Paulo Bernardo, já recorreu aos serviços de Pereira para processar Roberto Requião, que o chamou de ladrão. O ministro ganhou a ação.

Médicos a caminho
Com a vitória no Congresso, o governo calcula que o Mais Médicos contará com dez mil doutores – brasileiros e estrangeiros – até o fim de 2014. Hoje, menos de mil estão com a situação regularizada. A explicação é que a maioria das prefeituras não queria contratar profissionais antes de contar com todas as garantias legais.  

Na gaveta de Cármen Lúcia
No sábado 26, terão se passado sete meses desde que dois dias depois da aprovação no Congresso a ministra Cármen Lúcia aceitou liminar que suspendia a Lei dos Royalties do petróleo. Em encontros com senadores que foram ao STF para cobrar uma decisão, mais de uma vez a ministra pediu tempo para decidir. Em agosto, ganhou 30 dias. De olho num reforço de caixa, prefeitos de cidades com menos de 50 mil habitantes acompanham o debate com atenção. A União lhes repassa perto de R$ 380 mil mensais, em média. Com os royalties, ganham uma 13ª prestação anual de R$ 380 mil.  

Mineração empacou
A votação sobre o marco regulatório da mineração, que parecia um passeio, empacou no Congresso. O principal nó envolve prazo para o direito de pesquisa. Hoje, a empresa que obtém concessão para pesquisar minérios pode sentar-se em cima por anos a fio, sem obrigação de iniciar a lavra. Há casos que duram 20 anos. O projeto fixa entre um e três anos.

Rápidas
* A Confederação Nacional das Profissões Liberais (CNPL) calcula que todos os anos 50 mil profissionais liberais, categoria que vai de médicos a contadores, obtêm sua aposentadoria do INSS pelo teto máximo permitido e, mesmo assim, seguem no serviço.

* Às voltas com novas despesas, boa parte justificável, outras nem tanto, prefeituras de cidades pequenas já fizeram chegar a Brasília a notícia de que poderão ter problemas para pagamento de salários nos próximos meses.

* O governo pretende gastar no próximo ano um quinto de suas receitas tributárias em renúncias fiscais. A estimativa é de que R$ 249,8 bilhões saiam dos cofres públicos por conta de anistias e descontos tributários para empresas.

* Fora do governo desde abril, o economista Nelson Barbosa reserva seus conhecimentos exclusivamente para o Instituto Lula e seu presidente. No futuro, dará aulas na GV-SP.

Retrato falado

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 “Os controles sobre investimentos são tantos que estamos impedindo o mercado de atuar. Em vez de se impedir uma irrregularidade, impede-se uma obra. Isso é ruim para o País”  

Convencido de que a fase de debater projetos
já terminou e o governo Dilma necessita entregar o que prometeu até a corrida eleitoral, o senador Wellington Dias (PT-PI) está preocupado com o excesso de burocracia e controle sobre investimentos públicos. “Sou a favor de prevenir toda irregularidade, mas estamos criando um sistema que impede as obras públicas. Agora o Tribunal de Contas da União não se limita a apurar o que se fez e o que se deixou de fazer com recursos públicos. Já está julgando editais, define o tipo de cimento que deve ser usado, o tamanho da brita.”

Toma lá dá cá

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  O Senador José Agripino (DEM-RN), presidente nacional do DEM, corre o risco de perder o único deputado federal de seu Estado nas eleições, seu filho, Felipe Maia.  

ISTOÉ
– O DEM conseguirá sobreviver no Rio Grande do Norte?
Agripino –
O diálogo com o PMDB está aberto, mas o PT veta essa aliança. Sem o PMDB,  podemos ficar sem o coeficiente eleitoral.

ISTOÉ –O índice de rejeição de 83% da governadora Rosalba Ciarlini  prejudica o partido?
Agripino
– Nossa prioridade são as eleições proporcionais. Quanto às eleições majoritárias, veremos ainda.  

ISTOÉ – Qual é a meta do DEM em 2014?
Agripino
– Nossa projeção é eleger 40 deputados.  Em Goiás, vou trabalhar para fazer o deputado Ronaldo Caiado senador. Ele resistiu às turbulências  incólume.

Gomes para 2018

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 Cid e Ciro Gomes farão uma reforma geral no PROS, onde acabaram de chegar. Inspirados no PS francês de François Hollande, com quem mantêm relações, os dois pediram a um auxiliar, Mauro Filho, para rascunhar um novo projeto político para a legenda. Agradecido pela ruptura com o PSB de Eduardo Campos, o governo promete fidelidade canina aos dois em qualquer disputa de 2014 no Ceará.

Testemunha de defesa
Após o depoimento de duas testemunhas –o senador Ricardo Ferraço e o advogado Luiz Lucho Vasquez –, a defesa do diplomata Eduardo Sabóia, responsável pela fuga do senador Roberto Pinto Molina da embaixada em La Paz, considera que a situação de seu cliente pode ter desfecho favorável. Para as duas testemunhas, não há dúvidas de que Molina foi mantido em condições precárias
na embaixada, o que poderia justificar sua fuga.

fotos: Ricardo Stuckert; Waldemir Barreto; Valter Campanato/ABr; ilton de Freitas/Ag. O Globo
Colaboraram: Claudio Dantas Sequeira, Izabelle Torres e Josie Jeronimo