O presidente Fernando Henrique Cardoso está caindo em mais uma armadilha montada pela sua base aliada. Insatisfeitos com a recente reforma ministerial, o PFL do senador Antônio Carlos Magalhães e o PMDB do senador Jader Barbalho estão alegremente exibindo e manipulando o nervo exposto do governo: a incompetência em dar alguma esperança de melhora na área social. O senador baiano promete tirar os mendigos das esquinas com a criação de alguns impostos sobre supérfluos. ACM garante também que, com o remanejamento de algumas receitas já existentes, os viadutos não mais serão usados como casas. Para Jader Barbalho o truque é mais simples: basta a Receita Federal apertar o cerco às empresas e o problema estará resolvido.

Em meio ao festival de mágicas que assola Brasília, outro grande número foi anunciado: fazer desaparecer ministro. No caso é o da Fazenda. Na batalha pela paternidade dos pobres, Antônio Carlos Magalhães acusou Pedro Malan de nunca ter recebido um pobre em seu gabinete e com isso deu o tiro de largada para a reabertura da temporada de caça a Malan. O ministro perde oficialmente o precioso apoio de ACM, que, com muita mágica, o fez atravessar inúmeras crises mantendo intacta sua cabeça. A sugestão do partido do presidente, o PSDB, para desviar-se da armadilha dos gastos fáceis que enterrariam todo o esforço do ajuste é radical. O vice-presidente do partido, o polêmico Luiz Carlos Mendonça de Barros, recomenda que FHC reconheça uma "derrota parcial do Real" e promova um novo período de mudanças.

Mas o que realmente se espera é que as mangas sejam arregaçadas e as cartolas postas de lado.