O contra-ataque
Está sendo gestado pelo ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga, um contragolpe às ofensivas do presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), e seu aliado, o presidente do PMDB, Jader Barbalho. A idéia é FHC aproveitar-se do fato de ACM estar jurando de mãos juntas que quer acabar com a pobreza no Brasil, assim como da proposta de Jader Barbalho de buscar o dinheiro via ataque à sonegação fiscal. O governo faria exatamente isso, cobrando do secretário da Receita, Everardo Maciel, que apresente rapidamente seus projetos de combate à sonegação. Seriam mandados ao Congresso com pompa e circunstância, e a batata quente ficaria nas mãos de ACM e Jader. A eles caberia aprovar propostas como ampliação das possibilidades de quebra dos sigilos bancário e fiscal e arrochos nas declarações de rendimentos dos grandes empresários. Se tudo der certo, a operação poderia render ao Tesouro um reforço de caixa de, digamos, R$ 50 bilhões, mais que qualquer ajuste fiscal. Com a consequente melhoria da economia e da popularidade de FHC, o que acabaria botando Jader e ACM de volta sob o jugo do governo.

 

Acusação de tortura
Na nomeação do chefe de polícia de Goiás, Marcio Martins, o governador tucano do Estado, Marconi Perillo, meteu-se na mesma encrenca que FHC com o ex-diretor da Polícia Federal João Baptista Campelo. É que Martins está sendo acusado por Rosana Faleiro, uma senhora grávida e mãe de três filhos, de tê-la torturado durante a apuração de um caso de sequestro. O governador já desnomeou o chefe de polícia por conta da denúncia e depois voltou a nomeá-lo. Agora não se sabe mais o que fará.

 

A volta dos anões
Não é à toa que o deputado Roberto Brant (PFL-MG), sondado para comandar a Comissão do Orçamento do Congresso, recusou. "Aquilo vai acabar em escândalo", chegou a declarar. Pois não é que está de volta um ex-deputado peemedebista, que fez parte do chamado grupo dos sete anões denunciado na CPI do Orçamento. Trata-se de José Geraldo Ribeiro, que está fazendo a ponte Brasília–Belo Horizonte para prestar assessoria a seu amigo, o deputado Fernando Diniz.

 

Confusão na frente
A frente oposicionista de direita, que está sendo armada pelo PTB e pelo PL, não vai ser tão tranquila assim. O líder do PTB, Roberto Jefferson, governista de carteirinha, ameaçou deixar o partido. E o líder do PL, Waldemar Costa Neto, anda às turras com o principal articulador do bloco em seu partido, o deputado Bispo Rodrigues, que comanda a bancada da Igreja Universal do Reino de Deus.

  R Á P I D A S
– Quem está festejando a nomeação de Fernando Bezerra para o Ministério é o deputado Henrique Eduardo Alves (RN), que comanda o partido no Estado. Mas o PMDB continua no jogo duplo.

– Giddel Dantas, o presidente do Denatran, está com a cabeça a prêmio. Suas relações com o ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, não andam boas. Além disso, perdeu o apoio da base governista.

– Ciro Gomes informa: não há hipótese de ele voltar às boas com o comando do PSDB, apesar dos apelos de tucanos de alta plumagem. Para Ciro, a condição de isto ocorrer é se FHC deixar o governo.

 

 

Por Tales Faria – Colaborou Isabela Abdala