A CPI do Judiciário entrou na investigação das denúncias de corrupção contra o juiz da Vara de Falências de Goiânia, Avenir Passo de Oliveira. Na quarta-feira 4, os advogados da Encol, convocados para depor na comissão a partir das reportagens publicadas por IstoÉ, confirmaram aos senadores os relatos feitos à revista. O advogado Sérgio Mello reafirmou que o juiz Avenir recebeu uma propina equivalente a R$ 1 milhão em dólares e ajudou a patrocinar, junto com outros advogados, um esquema de desvio de dinheiro da empresa. Sérgio Mello, que relatou a IstoÉ a operação de entrega dos dólares na casa do juiz, acrescentou mais um ingrediente no depoimento aos senadores. Segundo o advogado, para que pudesse fugir, o dono da Encol, Pedro Paulo de Souza, foi avisado com antecedência de que o juiz determinaria sua prisão ao decretar a falência da empresa, no início deste ano.

"O Pedro Paulo sabia uma semana antes que iria ser preso", disse Mello aos senadores. "Quem avisou foi o Micael", completa. O advogado Micael Mateus, que ganhou no caso o apelido de "O sombra", é identificado pelos advogados como intermediário do juiz Avenir. A CPI decidiu que Avenir deverá ser o próximo a depor. Nesta semana, a comissão vai votar o requerimento para convocação do juiz, a ser apresentado pelo senador Carlos Wilson (PSDB-PE). "Este caso vai constar no relatório e tem de ser investigado a fundo. Está claro que os grandes prejudicados foram as 42 mil famílias clientes da Encol", afirma o senador. "Temos de descobrir todos os responsáveis pelo prejuízo aos clientes", reforça o relator da comissão, senador Paulo Souto (PFL-BA).