Brasil surpreendeu-se com a greve dos caminhoneiros. Eles foram aos poucos estacionando nos acostamentos, iniciando a semana escondidos em notinhas discretas nos jornais. Na quarta-feira 28 já invadiam e bloqueavam as estradas, ocupavam as manchetes, enquanto esvaziavam os principais centros de abastecimento do País. Mais surpreso ficou o governo. Surpreso e imobilizado. O ministro responsável pela área, Eliseu Padilha, só contatou os líderes do movimento no segundo dia de greve e chegou a declarar que desconhecia a pauta de reivindicações do movimento.

As reclamações eram amplas e variadas. Desde a questionável suspensão de multas e a revisão do Código Nacional de Trânsito até as óbvias e justíssimas recuperação das rodovias e segurança para reprimir o roubo de cargas, passando pela fixação do pedágio em R$ 1 por eixo. Os caminhoneiros criticam ainda o aumento do número de pedágios, o preço das tarifas e o pouco que se tem de retorno no preço pago pela conservação das rodovias. No estado em que estão são mais apropriadas a competições de rali. Com o programa de privatização em São Paulo, por exemplo, o número de pedágios passou de 31 para 72 depois que as estradas mudaram de dono. Mais que dobrou. O último aumento das tarifas, fosse cumprida a lei, seria de 8,01%. Na média, chegaram a 9,09%. Com picos em alguns trechos de quase 17%, como mostra a reportagem à pág. 24.

Pouca atenção foi dada a outra das reclamações: punição aos fiscais corruptos. Prova de que a corrupção já está incorporada ao nosso dia-a-dia.