Distúrbio mental, preocupações financeiras, divórcio. Qualquer uma dessas razões poderia ser o motivo que levou o acionista americano Mark O. Barton, 44 anos, a tornar-se um serial killer na quinta-feira 29, atirando em 21 pessoas e matando 9 delas e ferindo outras 12 em Atlanta (Geórgia). Dois dias antes, Barton já havia assassinado três pessoas: sua mulher, Leigh Ann, e seus filhos Matthew, 11, e Mychelle, sete. Antes de cometer suicídio, Barton deixou mensagens nos corpos de seus familiares. Numa das cartas, espetada no corpo de Leigh Ann, ele disse: "Não houve dor. Todos eles morreram em menos de cinco minutos. Eu os atingi com um martelo enquanto dormiam e os coloquei de cabeça para baixo numa banheira para que não acordassem com dor. Eu sinto muito. Palavras não podem expressar minha agonia. Por que eu fiz? Estou morrendo desde outubro. Acordo à noite com medo, aterrorizado. Tenho muito ódio desta vida e deste sistema."

O sistema ao qual ele se referiu é o sistema financeiro do qual iria se vingar. Depois de matar a família, Barton, com duas armas na mão, invadiu na tarde da quinta-feira o Grupo de Investimentos All-Tech. Conversou com o seu gerente e, num golpe rápido, atirou nele e na sua secretária. Saiu disparando aleatoriamente pelo prédio e ainda matou mais três pessoas. A cena era de filme de horror: os funcionários tentavam desesperadamente fugir da mira do serial killer que por onde passava deixava um rastro de sangue e desespero. "Tudo o que consegui ver foi um rio de sangue que ia do começo ao fim do corredor do terceiro andar", afirmou a funcionária Chris Carter. Num gesto determinado, Barton atravessou a rua e entrou no edifício vizinho, no Piedmont Center. Outras cinco vítimas fatais. Segundo uma testemunha, antes de atirar Barton gritou para algumas pessoas: "Espero que isso não faça com que vocês percam o dia de operações!" Barton ainda conseguiu driblar a polícia durante cinco horas numa perseguição digna de um seriado americano. Ainda havia três pessoas que pretendia matar, mas não conseguiu. Quando sentiu-se totalmente cercado, num subúrbio da cidade, meteu uma bala na cabeça. Os policiais de Atlanta estão agora levantando toda a ficha do químico que resolveu trabalhar no mercado financeiro. Ele é suspeito de matar sua ex-mulher e sua ex-sogra a pauladas em 1993 para receber o seguro de US$ 600 mil. Na mesma carta em que justificou as matanças, ele negou ter sido o responsável pela morte de sua ex-mulher: "Nego o assassinato da minha primeira esposa Debra Spivey. Não há mais razão para mentir."

Linda Lerner, advogada da All-Tech, descartou irregularidades nas transações do acionista e afirmou que Barton estava passando por um período conturbado com a esposa. "Trabalhar com ações é estar sob forte pressão, mas até dois dias atrás não havia nada de incomum em suas transações", afirmou a advogada no dia do massacre. O prefeito da cidade, Bill Campbell , disse na sexta-feira 30 que "será muito difícil descobrir a verdadeira causa que motivou as mortes sem dor".