Para se livrar dos óculos, ioga. A proposta parece absurda, mas, no Rio de Janeiro, ela está seduzindo muita gente. O responsável por esse inusitado tratamento é o terapeuta Pedro Tornaghi, mentor do curso Meditação do olhar e da visão. Tornaghi, 43 anos, garante ter criado o que chama de ioga dos olhos. Na prática, trata-se de uma série de exercícios que, segundo ele, ajudam na recuperação do tônus dos músculos oculares. "Isso permite que os músculos recuperem sua função natural, de apertar e soltar o globo ocular, de forma a manipular a distância entre a lente que forma a imagem, que é o cristalino, e a região da retina, onde se forma essa mesma imagem. Os músculos passam a adaptar o olho, portanto, às necessidades de visão natural de cada um", diz.

No caso da miopia, por exemplo, a disfunção da visão ocorre porque o foco se forma antes de chegar à retina. Músculos trabalhando corretamente, portanto, corrigiriam o problema. O primeiro passo do programa é usar os óculos o mínimo possível. Foi o que fez a engenheira Gisela Bernardo, 38 anos, que durante 20 anos usou óculos e lentes de contato para miopia e astigmatismo. Em 1997, entrou no curso do terapeuta. Primeiro largou os óculos escuros, experiência inédita para os seus olhos azuis. Seis meses depois lia e via televisão a olho nu. Foi ao cinema, sentou-se na última fila e leu as legendas sem dificuldade. Óculos, nunca mais. "Também sentia muita dor de cabeça, que parou", diz Gisela. A ginástica, no entanto, é alvo de críticas. O presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, Samuel Cukierman, é cético. "Não há nada que prove que exercícios com os olhos substituam os óculos. Não há embasamento científico nisso", opina.


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