Algumas companhias aéreas internacionais estão descobrindo um grande filão de mercado ao oferecer um serviço de luxo diferenciado – e bem mais em conta do que geralmente se paga pela sofisticação em vôos tradicionais. Trata-se de aeronaves exclusivas para a classe executiva e quem viaja nelas sente-se bem na autoestima (conforto é conforto) e sente-se bem no bolso (economia é economia). Esse conceito decolou agora para valer, mas na verdade nasceu há duas décadas – ou melhor, quase não nasceu se tivessem vingado as previsões do diretor executivo da American Airlines, Bob Crandall. "Não vai dar certo. Sempre teremos de lotar o fundo do avião com passageiros da classe econômica para evitar prejuízos", preconizou ele quando aeronaves de uma só classe, executiva, ainda estavam sendo testadas. O presente prova que as palavras de Crandall caíram por terra. Pequenas companhias aéreas se especializaram nesse tipo de serviço e oferecem vôos exclusivos somente com classe executiva. Para garantir o lucro, a maioria delas se limitou ao itinerário mais rentável do mundo: Nova York-Londres, que movimenta cerca de 4,2 milhões de passageiros por ano. O resultado? Mais de 70% dos assentos são vendidos todos os dias. São muitas as empresas que já fecham pacotes com essas companhias para transportar seus funcionários. O custo fica entre 50% e 75% mais barato em relação ao valor da primeira classe das grandes companhias – e o serviço de bordo supera na qualidade.

O conforto começa fora do avião: o passageiro pode chegar ao aeroporto com menos de meia hora de antecedência em relação ao horário de embarque, sem correr o risco de perder o vôo. Poderá aguardar nas salas VIPs da companhia aérea, com acesso à internet e serviço de bar e restaurante, e não precisará enfrentar multidões nos salões – a aeronave decola de pátios privados. Agora, entre-se na aeronave e tem-se… mais conforto: são apenas 40 a 100 assentos com 48 centímetros de largura e dois metros de comprimento cada um, reclináveis em até 180 graus e separados, um do outro, em até dois metros. Algumas aeronaves têm apenas quatro assentos por fila (apenas corredor e janela) em que um passageiro pode virar de frente para o outro e compartilhar de uma mesa. Cada pessoa tem um televisor de plasma. Há banheiros femininos individualizados, mais de 100 horas de filmes, fones com redutor de ruído, isolamento acústico, internet por rede sem fio, iluminação leve, variedade de revistas e jornais de todo o mundo e acesso a produtos da Duty-free para se comprar durante a viagem. Quanto à gastronomia, o luxo é igual. Chefs de cozinha na aeronave preparam refeições individualizadas para os passageiros, com cardápio variado que inclui saladas, carne de cordeiro, salmão, frango grelhado, diversos tipos de massa, além de vinhos, cafés, aperitivos, petiscos e champanhe. Do total de vôos dessas classes executivas, apenas 2% sofrem algum atraso. Saindo do avião, é oferecido ao cliente um farto lanche no clube VIP da companhia, sempre próximo ao aeroporto. As empresas também disponibilizam programa de milhagem e cartão fidelidade.

As principais empresas que atuam nesse ramo são as americanas EOS e Maxjet, a britânica Silverjet e a francesa L’Avion. As duas primeiras começaram a operar em 2005 e as duas últimas, agora em 2007. Mas também as gigantes American Airlines, United Airlines, Lufthansa e British Airways prometem entrar nessa disputa da classe executiva única e mais barata. As tarifas de primeira classe nessas companhias custam cerca de US$ 12 mil e nem todas a têm separada das demais classes através de cabines. Fica claro, assim, por que os passageiros fazem cada vez mais a sua opção pelo conforto maior e custo menor da classe executiva especial. Ou seja, seguem a máxima das próprias companhias: low cost, low fare.