Ai se estivesse em vigor a lei que proíbe os brasileiros de usar palavras em outros idiomas. Só na semana passada, metade da cúpula do Banco Central teria recebido multa – e da pesada. Em seminário realizado em São Paulo na última segunda-feira, dia 21 de agosto, os BC´s boys Armínio Fraga, Sérgio Werlang e Daniel Gleizer, assim como os demais participantes de peso da economia nativa e uma minoria de outros países, falaram horas e horas em bom inglês.

O que era para ser um debate sobre o tema “Crescimento, inflação e vulnerabilidade no contexto da globalização” mais parecia um concurso de quem articulava o melhor vocabulário de Wall Street sem denunciar a identidade latina. Páreo duro eleger um entre tantos MBAs e PhDs em Princeton, Berkeley e Chicago. Um punhado de gringos discursava sobre os caminhos a seguir e a evitar. Arturo Porzecanski, diretor do ABN Amro, elogiou o sistema de metas inflacionárias elaborado por Werlang, que está deixando o BC.

A idéia de vetar o português no evento partiu de Claudio Haddad, MBA, PhD e ex-BC. Haddad foi sócio do banco Garantia e hoje coordena o Ibmec, uma faculdade de administração, ou melhor dizendo, de business. O clima nova-iorquino foi reforçado por um ar condicionado de gelar a espinha, especialmente a de quem saiu de casa inspirado num dos primeiros dias quentes depois de um inverno rigoroso – para os parâmetros paulistas, of course. Somente no coffee-break, vulgo intervalo, ouvia-se a língua pátria.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias