O plano é não deixar o adversário crescer

CONFIDENCIAL-01-IE-2291.jpg 

 As declarações tranquilizadoras do governo sobre a aliança Eduardo Campos-Marina Silva são puro despiste. Dilma está convencida de que a dupla pode se transformar numa ameaça real e irá aproveitar os próximos meses para combater o novo adversário antes que ele tenha tempo de formar musculatura e ganhar peso. Depois de passar os últimos meses em viagens semanais a São Paulo, Rio de Janeiro ou Minas Gerais, onde se recuperou nas pesquisas, a presidenta irá realizar sucessivas visitas ao Nordeste. Para impedir adesões e traições, os partidos da imensa base aliada serão chamados a antecipar o apoio a Dilma.

Lobão de olho no pré-Sal
O ministro das Minas e Energia Edson Lobão tem candidato a presidência da PPSA, empresa que será o olho do governo no Pré-Sal. É José Lima de Andrade Neto, o Lima Neto, que hoje preside a BR Distribuidora. Outros dois candidatos, diretores da Petrobras no fim do governo Fernando Henrique, também estão
na disputa.

O acordo que ajuda Renan
O apoio do PSDB à emenda favorável ao voto aberto no Congresso em todos os casos, menos para escolha do presidente das duas casas, tem um beneficiário direto. Candidato à reeleição e alvo frequente de denúncias nos protestos de junho, o presidente do Senado, Renan Calheiros, só corre um risco de derrota: caso a eleição seja em voto aberto.    

Revisão histórica
A luta por alianças estaduais tem levado políticos de primeira linha do PT a defender uma revisão histórica: apagar a resolução do partido que impede alianças com o PSDB.

Charge

Charge_2291_Eduardo_Marina.jpg 

O contracheque de Gurgel
Os vencimentos de Roberto Gurgel em seu último mês como procurador-geral da República foram polpudos. Somaram R$ 61.734,60 brutos, quantia que inclui R$ 12.470,80 como “vantagens eventuais”, um “abono de permanência” de R$ 3.004,21 e  R$ 18.238,54 como férias.  

Interesse oculto na greve
Emissário do Planalto que atuou como mediador na greve dos bancários ficou convencido de que o setor privado jogou para esticar a paralisação. A esperança era recuperar o mercado perdido para os bancos do  setor público.

Bolsa de R$ 18 mil
Candidatos de concurso para juízes federais terão aumento de R$ 7 mil na bolsa de quem disputa a última etapa da seleção na Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados. Com o aumento, superior a 63%,  a bolsa chegará a R$ 18 mil. O custo será de R$ 28 milhões por ano.

Diárias industriais
Auditoria entre servidores apontou para 400 casos de abuso nas chamadas “diárias de concessão”, pagas a quem é obrigado a prestar serviço fora de seu local de trabalho. Acumulando ganhos indevidos, é possível dobrar o salário todo mês.  

Economia ficou diferente
Portador de boas notícias nas campanhas de 2006 e 2010, quando a economia alimentou vitórias eleitorais  do governo, o ministro Guido Mantega pede cautela em 2014. Falando a dirigentes do PT, o ministro alertou que, além de questões internas, os conflitos de Barack Obama com o Congresso podem gerar complicações nos meses que antecedem a eleição presidencial no Brasil.   

Fogo amigo aprovou Solidariedade
O governo sentiu a criação do Solidariedade como dupla derrota. O Planalto não queria um palanque para Paulinho da Força, que costuma dar chutes abaixo da cintura. O voto decisivo a favor do Solidariedade coube a Dias Toffoli, o mais lulista dos ministros que participaram da decisão. Em Brasília, interpreta-se  o voto de Toffoli como um protesto pelo tratamento pouco prestigioso que recebe no Planalto. 

Toma lá dá cá

CONFIDENCIAL-02-IE.jpg 

Deputado Miguel Corrêa, relator-geral da Lei Orçamentária de 2014

ISTOÉ – A Dilma pode viver o drama do presidente dos EUA, Barack Obama, e ficar sem orçamento?
Miguel Corrêa –
Torço para que isso não aconteça. Mas, se o orçamento não for votado em 2013, o governo será muito prejudicado. Em ano eleitoral o prazo de empenhos de investimentos é muito curto.

ISTOÉ
– Essa é a lei orçamentária mais atrasada da história?
Miguel Corrêa –
É a primeira vez que chegamos a  outubro sem aprovar a Lei de Diretrizes Orçamentárias, que é o roteiro de gastos do governo. Mas com a apresentação do relatório de receitas, a situação pode melhorar.

ISTOÉ
– A base estava boicotando a votação?
Miguel Corrêa –
Com a aprovação do orçamento impositivo, que é uma reivindicação dos parlamentares, o impasse começa a ser destravado.

Rápidas
* O deputado Domingos Dutra (Solidariedade-MA) enviará documento relatando os casos de violência no Maranhão à Organização das Nações Unidas (ONU). É uma tentativa de provocar reação dos órgãos internacionais, capaz de justificar uma ação de limpeza como a ocorrida há 8 anos no Espírito Santo.

* O recém-criado PROS, que se anuncia governista, aproveitou o debate sobre o Mais Médicos para votar contra o governo. O Planalto acha que foi tentativa de marcar território.  Os líderes do PROS dizem que precisavam de esclarecimento.  

* Pesquisas eleitorais em Alagoas apontam empate técnico na disputa pelo governo do Estado  entre o senador Fernando Collor (PTB) e a vereadora de Maceió Heloisa Helena (PSOL). Collor tem 31% das intenções de votos,
e Heloisa, 28%.

* A divisão interna do PT atingiu um ponto realmente fora da curva. No momento em que queria apenas filiar-se ao partido, em Brasília, na semana passada, uma dona de casa foi convidada a informar sua tendência partidária. Não, ela só queria entrar para o PT.  

Retrato falado

CONFIDENCIAL-03-IE-2291.jpg 

“A imprensa gosta de balbúrdia. Mas aqueles tempos acabaram. Os bacanais acabaram”

Integrante da tropa de choque religiosa que domina a Comissão de Direitos Humanos da Câmara, o deputado Francisco Eurico, que é pastor, filiado ao PSB,  descobriu uma razão original para o desinteresse absoluto que os trabalhos despertam nos colegas, nos jornalistas e mesmo no cidadão comum, depois que as declarações preconceituosas do presidente Marco Feliciano (PSC-SP) deixaram de ser novidade. Referindo-se aos debates que ocorriam no período anterior à posse de Feliciano, Eurico afirma:

Uma surpresa para Miriam 

CONFIDENCIAL-04-IE.jpg 

 Quando terminou as negociações com Joaquim Barbosa sobre os reajustes do Judiciário da União e dos ministros do STF, a ministra do Planejamento Miriam Belchior ficou convencida de que havia fechado um acordo em torno de 4%. Quando o orçamento do Judiciário chegou ao Congresso, o reajuste era de 5%, ou  R$ 800 milhões acima do combinado. Sem novo acordo, o Planalto teme que funcionários do Judiciário lotem o Congresso para arrancar 5%.  

Cada vez mais argentinos
Mesmo com menos dinheiro no bolso, os argentinos ainda adoram viajar para o Brasil. No primeiro semestre de 2013, o total de viagens para o exterior caiu 1,4%. As visitas ao Brasil cresceram 3,4%. Os dados do governo argentino descontam o mês de julho, inflacionado
pela visita do papa Francisco ao Rio.

Colaboraram: Claudio Dantas Sequeira, Izabelle Torres e Josie Jeronimo
fotos: evaristo SA/afp photo; leonardo prado/câmara dos deputados; josé cruz/abr