Uma seleção de três terapias alternativas está ajudando pacientes de um dos mais conceituados centros de saúde do País a vencer a dor, os traumas emocionais e até lutar contra o câncer. No novo cardápio oferecido pelo Hospital São Paulo, na capital paulista, o prato principal é a imaginação – técnica na qual o indivíduo é levado a se lembrar de fatos bons guardados na memória ou a mentalizar vitórias contra a doença. O menu é reforçado pela regressão (terapia que induz a recordação de fatos passados) e pela programação neurolinguística (exercícios mentais para modificar a forma de lidar com situações incômodas, como as frustrações). Juntas, elas recebem uma denominação peculiar: mobilização da energia mental. O objetivo é reunir forças e encharcar o cérebro do paciente com pensamentos positivos e lembranças agradáveis. “As sensações boas estimulam a endorfina – analgésico fabricado pelo organismo –, fortalecem o sistema de defesa do corpo e aumentam a autoconfiança”, explica o acupunturista Ysao Yamamura, criador da terapia, baseada na Medicina Chinesa.

O conjunto de terapias já foi aplicado em 150 doentes. Para combater dores crônicas, os especialistas primeiro aplicam a acupuntura – utilizacão de agulhas para equilibrar as energias do corpo. O indivíduo relaxa e começa a contar as boas lembranças guardadas na memória. “Você sai da sessão com o espírito leve”, diz a quituteira Antonia Dantas, 44 anos. Ela recorreu à técnica por causa de dores generalizadas no corpo. “O problema foi agravado pelos conflitos familiares vividos por ela”, acredita a acupunturista Maria de Oliveira, da equipe de Yamamura.

No tratamento de medos ou frustrações, o médico tenta fazer o paciente compreender o que o leva a ter esses sentimentos, usando a neurolinguística. Também pede para ele se imaginar vencendo seus problemas, o que fortalece a autoconfiança. Em casos de câncer, é preciso usar também a regressão. Os especialistas acreditam que a técnica revela momentos traumáticos que colaboraram para o surgimento da doença. Para aumentar a eficácia do tratamento, também é recomendada a prática constante de pensamentos positivos, que reforçam a auto-estima e ajudam a encarar o problema. O desembargador Plínio Cintra, 57 anos, segue o conselho para conter o avanço de um tumor no fígado. “Imagino plantas carnívoras comendo as células do câncer e também mentalizo que vou me recuperar”, conta. “Quando a pessoa se fecha, a doença toma conta”, ensina. Com o auxílio da mobilização mental, Plínio está vencendo o câncer.