A indústria do cigarro está preocupada e sabe que enfrentará cada vez mais dificuldades para a sobrevivência de seu negócio. Diante do cerco, as empresas do ramo procuram pelo menos atenuar o impacto das campanhas antitabagistas através de apoio a projetos e iniciativas na área social. A Souza Cruz, por exemplo, acaba de criar um instituto para atuar nas áreas de educação e meio ambiente. No Sul do País, o Sindicato da Indústria do Fumo (Sindifumo) também criou o programa O Futuro é Agora, para tentar erradicar o trabalho infantil. A agricultura familiar predomina no cultivo do fumo nos Estados do Rio Grande do Sul, do Paraná e de Santa Catarina. Centenas de adolescentes ajudam os pais na lavoura e deixam de frequentar a escola.

Por isso, cinco mil famílias de agricultores dos municípios de Santa Cruz do Sul (RS), Araranguá (SC) e Rio Azul (PR) se tornaram o alvo de uma campanha contra o trabalho infantil no cultivo do fumo. “Não estamos fazendo isso para melhorar a imagem da empresa. É um problema concreto e queremos resolver. Já temos incômodos demais e esse é mais um, que também pode prejudicar nosso negócio”, afirma Haroldo Roedel, gerente de assuntos corporativos da Souza Cruz. “Ainda existem crianças trabalhando. Mas estamos mostrando aos produtores os prejuízos causados ao jovem que deixa a escola. Vamos contratar universitários para checar as áreas de cultivo e também fiscalizar a frequência escolar”, acrescenta Roedel. A Abifumo foi alertada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o Unicef sobre o trabalho de crianças e adolescentes nas plantações de fumo e se dispôs a colaborar. A evasão escolar nos cursos noturnos em Santa Cruz do Sul, atualmente, é de 30%. A repetência girava em torno de 20% há quatro anos e, agora, caiu para 11,8%. “O programa já está contribuindo para aumentar a permanência dos alunos na escola”, garante a secretária de Educação de Santa Cruz, Jane Aline Kuhn.