A dimensão da tragédia veio nas palavras de Giusi Nicolini, prefeita da ilha de Lampedusa, principal porto de entrada de imigrantes ilegais no sul da Itália: “Já não sei o que fazer nem com os mortos nem com os vivos”. Na madrugada da quinta-feira 3, uma embarcação superlotada de imigrantes africanos clandestinos naufragou a caminho da Europa. Até a manhã do dia seguinte, pelo menos 130 pessoas estavam mortas, 151 haviam sido resgatadas com vida e as restantes continuavam desaparecidas nas águas agitadas do Mediterrâneo. Estima-se que a precária embarcação transportava 500 passageiros e tenha se incendiado quando um deles pôs fogo num cobertor encharcado de gasolina na tentativa de sinalizar à guarda costeira que ela estava à deriva – agora são 1,4 mil pessoas, todas elas saídas de diversos naufrágios, que tentam sobreviver no abrigo público de Lampedusa. “Aqui não param de chegar barcos repletos de mortos.” Eis outra frase de desespero da prefeita de Lampedusa.