Assista ao trailer:

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À DERIVA
George Clooney em cena do filme
 

A gravidade ou, melhor, a falta dela é título, pretexto e desafio para filmar a mais aguardada ficção científica do ano. “Gravidade” chega às telas na sexta-feira 11 com potencial para estabelecer de vez a ideia de imersão sensorial nas salas de cinema e faz isso com a melhor recriação digital do espaço já apresentada e com irretocável tratamento em três dimensões para enganar os olhos de qualquer um. Mas é também uma boa história, relato do nascimento de uma heroína, a dra. Ryan Stone, engenheira que vai ao espaço pela primeira vez para uma missão com o veterano Matt Kowalsky (George Clooney). Para narrar a viagem espacial, o diretor Alfonso Cuarón investiu quase cinco anos de trabalho intenso envolvendo a protagonista vivida por Sandra Bullock, que trabalhou a maior parte do tempo se movendo em câmara lenta em uma caixa preta de menos de três metros quadrados. “Foi doloroso, frustrante e solitário”, desabafou a estrela na apresentação do filme no Festival de Toronto, no Canadá. A fúria de Bullock contra as restrições cenográficas e a ginástica exigida para a criação da sensação antigravitacional parecem ter somado na qualidade da atuação da atriz americana: ela convence e comove na pele da mulher que se reconecta com a própria vida ao perder a conexão com o planeta. Em uma cena de solidão, a engenheira grita para as estrelas: “Odeio o espaço!”

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TRABALHO PESADO
Cenas do filme do diretor mexicano Alfonso Cuarón. Sandra Bullock
 foi indicada por George Clooney (abaixo) para o papel, rejeitado por
Angelina Jolie. Atores trabalharam mais por causa dos efeitos especiais
 

No aprimoramento dos efeitos especiais, pilar do filme de US$ 100 milhões, foi exigido de fato mais trabalho do elenco, que passou parte do tempo de filmagem pendurado por cabos de aço como trapezista, lidando com objetos arremessados contra seus corpos e outros malabarismos necessários para a aplicação posterior do 3D. Bullock, por essa razão, apelidou o diretor e seu filho Jonás Cuarón, roteirista, de “mexicanos loucos”.

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Segundo a canadense Roberta Bondar, primeira neurologista em
uma missão espacial, olhar para a Terra de cima é exatamente assim
 

O resultado é também um desafio para o espectador, sobretudo aquele mais afeito aos filmes em duas dimensões. Em uma tela regular de 3D, o simples uso dos óculos faz sentir junto com os atores a falta de chão e a vertigem de estar enxergando de cima a curva da Terra. Em salas IMAX, provavelmente vai arrancar alguns gritos durante as sequências de explosões, incêndios e cambalhotas (muitas cambalhotas) realizadas pelos astronautas com a companhia das câmeras.

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Os silêncios prolongados e a música de Steven Price, que alternam a visão dos astronautas e a imagem panorâmica do espaço, embalam cenas poéticas (e impressionantes) do planeta azul flutuando no espaço. Quando não interrompidas por explosões, objetos voadores e lágrimas flutuantes, essas imagens remetem inevitavelmente a “2001: Uma Odisseia no Espaço”, longa de Stanley Kubrick feito a partir da história de Arthur Clarke. Comparações com o clássico que completa 45 anos de idade (e por isso volta às telas na próxima Mostra de Cinema de São Paulo) foram feitas durante as primeiras pré-estreias de “Gravidade” em festivais. Não só pelo tema e pelo espaço, a relação entre as duas produções também se coloca pela mudança de paradigma que ambas propõem: se “2001” mudou o jeito de fazer ficção científica, a obra de Cuarón se candidata agora a redesenhar a maneira de assistir a filmes de sci-fi. Astronautas com experiência em viagens espaciais presentes no Festival de Toronto impressionaram-se com a fidelidade da recriação das estações espaciais, das cápsulas e da visão que se tem lá de cima. “Olhar para a Terra a partir do espaço é exatamente assim”, disse a canadense Roberta Bondar, primeira neurologista em uma missão fora do planeta na vida real. 

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