À Violência versus Pan s vésperas da abertura dos Jogos Pan-Americanos no Rio, o grande teste da segurança pública, mais do que as provas esportivas, está galvanizando as atenções de boa parte das autoridades. Com a Força Nacional já operando pelas ruas cariocas, com o Morro do Alemão em situação de guerra permanente e diante da ameaça de algumas facções criminosas que prometem ações de advertência durante o evento, seria mesmo natural o estado de atenção com o assunto. O Brasil joga no Pan suas chances de sediar novas e bilionárias competições esportivas – concorre favorito à Copa do Mundo de 2014 e tentará uma edição das Olimpíadas. E, mais do que o simples prestígio de abrigar os eventos, tais conquistas representam uma importante alavanca para o País ser visto com outros olhos e não como uma nação terceiro-mundista, repleta de violência por todos os lados. Essa guinada, por tabela, ajuda na atração de investimentos, no plano de aceleração do crescimento, na geração de empregos, na revitalização socioeconômica que vem a reboque. São dividendos que não devem ser desprezados. Por isso mesmo, é preciso ficar alerta diante do perigo de radicalizações, de ambos os lados. Os constantes cercos da polícia às favelas do Rio, a título de ação preventiva e intimidadora, podem se constituir numa bomba de efeito retardado durante o Pan. Megaoperações como a que vitimou dezenas de pessoas no Morro do Alemão há duas semanas e a idéia de estender o uso da força por regiões como a da gigantesca Rocinha – que se auto-intitula “a maior favela do mundo” – são capazes de despertar reações imprevisíveis. Não há como baixar a guarda diante da crescente criminalidade praticada pelos comandos dos morros, mas a atuação das autoridades deve ser balizada pela serenidade e inteligência. Provocar o confronto não vem sendo o melhor método e, diante da proximidade do Pan, que tem início nesta sexta, é demasiadamente arriscado. A cautela e a prevenção continuam como os melhores antídotos.