Ser o dono de uma estação de rádio ficou mais fácil do que nunca – tudo que se precisa é de um PC, um punhado de MP3s ou CDs, um microfone e um programa chamado Shoutcast. Lançado no início do ano pela Nullsoft, a empresa americana responsável pelo Winamp, o mais popular player de MP3 da web, Shoutcast baseia-se na mesma tecnologia de "streaming audio" do MP3, que permite a qualquer um falar para o mundo via Internet (com "streaming" não é preciso esperar que todo o arquivo seja transferido para ouvi-lo). Em outras palavras, o Shoutcast é o descendente direto da rádio pirata – e o melhor de tudo: é de graça!

Três softwares se completam para montar uma rádio online: o player Winamp, o servidor Shoutcast e o plug-in para o player. Para transmitir música, simplesmente arraste com o mouse as canções a serem tocadas – MP3s, CDs, arquivos WAV – para a "playlist" do Winamp; o plug-in Shoutcast irá enviar tudo automaticamente para o seu servidor de Internet e de lá para o mundo inteiro.

A tecnologia do Shoutcast é capaz de transmitir música até por modems lentos. O número de ouvintes é limitado apenas pela largura de banda da conexão com a web. Para sintonizar uma dessas rádios usa-se o mesmo player Winamp; todas as emissoras estão listadas no site da empresa, e elas já são mais de 500.

Shoutcast é o segundo produto a emergir da Nullsoft, uma empresa sediada em Sedona, no Arizona, que há pouco mais de um ano era apenas um projeto concebido por Justin Frankel, um programador de 20 anos que largou a faculdade para se dedicar aos computadores. Criado há dois anos, o Winamp era um programa shareware que tocava MP3 e outros formatos sonoros. Embora existisse uma variedade de players MP3 no mercado, o Winamp logo se tornou o preferido, com mais de 14 milhões de usuários.

"Gostamos de inventar programas que sejam usados para as pessoas fazerem coisas criativas", diz Robert Lord, diretor da Nullsoft. Embora as rádios Shoutcast estejam enfrentando problemas com questões de direitos autorais musicais, muita gente acredita que pela primeira vez a radiodifusão está verdadeiramente disponível ao cidadão comum.

Lançado em janeiro deste ano (o programa pode ser baixado no site www.shoutcast.com), o Shoutcast tem por missão, segundo Frankel, "construir um excelente meio para as bandas sem contrato serem ouvidas por uma imensa audiência". E é isto que está acontecendo. Bem, mais ou menos isso. O Shoutcast ainda não está atingindo uma "imensa audiência". A maioria das emissoras consegue atrair apenas um punhado de ouvintes.

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No entanto, essas rádios online oferecem um fascinante vislumbre do que vai pela cabeça da juventude internacional. Há uma enorme ênfase em techno e trance, hip-hop e rock alternativo, além de uma boa dose de heavy metal e nostalgia dos anos 80. Mas os fãs de música também podem encontrar de tudo, de Bartók ao tango. Há emissoras transmitindo da Turquia, Holanda, Alemanha. E ainda há rádios que não tocam música nenhuma, mas esquetes cômicos, diálogos da série Guerra nas estrelas, a leitura de livros e até um ocasional talk show.

Apesar de o Shoutcast ter inicialmente atraído os adolescentes, algumas empresas foram logo pegando o bonde. A Grand Royal, gravadora dos Beastie Boys, lançou sua própria emissora, chamada Grand Royal Radio (www.grandroyal.com/grRadio/index.html), para divulgar as músicas dos seus artistas.

O principal problema é que a audiência ainda é bastante limitada pela capacidade da conexão com a Internet. Quando têm 30 ouvintes ou mais, muitas emissoras não aguentam o tranco, a qualidade sonora se deteriora e os computadores começam a travar. Por enquanto, apenas as grandes estações, com conexões mais potentes, conseguem atingir algumas centenas de ouvintes simultâneos.


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