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Durante décadas os amantes da Fórmula 1 esperavam um filme que retratasse fielmente o mundo da maior categoria do automobilismo, como o clássico Grand Prix (John Frankenheimer), que conta uma hipotética temporada de 1967. Esse filme chegou. É “Rush – No Limite da Emoção”. A obra do diretor Ron Howard capta de forma extraordinária todo o ambiente, os perigos e o clima da Fórmula 1 de 1973 a 1976. Focado em duas personalidades completamente diferentes, a do playboy James Hunt (Chris Hemsworth) e a do metódico Niki Lauda (Daniel Brühl), Rush é uma verdadeira viagem no tempo. A maior parte do filme acontece em 1976, ano em que o pavoroso acidente de Niki em Nürburgring permitiu a James chegar à decisão do campeonato, em Fuji, no Japão, a apenas três pontos do líder.

A fotografia do filme é excepcional. Usando imagens inéditas de televisão e recursos de computador, Howard consegue inserir Hemsworth (Hunt) e  Brühl (Lauda) praticamente dentro das corridas da época. O diretor também contou com carros da época (na Inglaterra encontra-se todos os modelos bem conservados) para fazer as filmagens atuais e inserir a história da rivalidade de ambos no contexto. Howard também contou com pilotos-dublê para algumas cenas. O ponto alto das imagens é o acidente de Lauda em Nürburgring – um thriller que vai aumentando a ansiedade do espectador enquanto Niki vai pilotando sua Ferrari 312T2 no perigosíssimo circuito alemão, que tem cerca de 180 curvas e foi banido da Fórmula 1 depois daquela tragédia.

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A reconstituição da cena do acidente é uma obra-prima do cinema, pois Howard só contava com imagens distantes da televisão e em preto e branco. O diretor consegue reproduzir com os carros atuais exatamente a mesma sequência da batida e de seus desdobramentos, como outras pancadas de carros que vinham atrás e finalmente o fogo. Um fato emocionante dos anos 70 que não passou em branco por Howard foi a solidariedade dos pilotos da época, que paravam seus carros no meio da corrida para socorrer o piloto acidentado. Na década de 70, pelo menos dois pilotos morriam nas pistas da F1 a cada ano. Aliás, o comentário de Lauda sobre o acidente que matou François Cévert, em 1973, é surpreendente.

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O filme é baseado na rivalidade de Lauda e Hunt, por isso contém alguma dose de ficção, o que pode irritar alguns experts em Fórmula 1. Daí alguns deslizes: a disputa entre Niki e James na Fórmula 3, que ocorreu em Crystal Palace, é mostrada em Brands Hatch. Da mesma forma, o primeiro teste de Niki na BRM, que ocorreu em Paul Ricard, também é mostrada em Brands Hatch. Qualquer fã da F1 dos anos 70 e 80 vai reconhecer o circuito inglês. Menos mal que as cenas do acidente de Lauda foram realmente filmadas em Nürburgring. Também é um pequeno pênalti a ausência da primeira vitória de Hunt na Fórmula 1, com um Hesketh, em Zandvoort, Holanda, em 1975.

Os amores de Hunt, seu casamento desastroso com Suzy Miller (Olivia Wilde), bem como a divertidíssima situação que aproximou Niki de sua mulher, Marlene Lauda (Alexandra Maria Lara), têm grande enfoque na trama. Da mesma forma, as travessuras financeiras do Lord Hesketh (Christian McKay) e a discreta participação de Clay Regazzoni (Pierfrancesco Favino) na ascensão de Lauda também cativam o espectador. Se você gosta da Fórmula 1 ou quer saber mais sobre os inesquecíveis anos 70, assista “Rush”. É emoção garantida.

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