O advogado Paulo Roberto Moglia Thompson Flores não é mais o presidente da Comissão de Exame da Ordem dos Advogados do Brasil em Brasília. Ele foi afastado por decisão do conselho da OAB na quinta-feira 13, depois de ser apontado pela professora Priscilla Antunes, num depoimento feito após um acordo de delação premiada, como chefe de um esquema que fraudava as provas de admissão na entidade. Na semana passada, ISTOÉ publicou reportagem revelando detalhes sobre as fraudes e aa investigações do Ministério Público e da Polícia Federal. O afastamento de Thompson, no entanto, não apaziguou totalmente os ânimos entre os advogados. Há um grupo de advogados que quer que Thompson seja afastado também da vice-presidência da OAB-DF até que as investigações sejam concluídas. “Para o prestígio da classe e da advocacia, cumprimento efetivo das finalidades da OAB, zelo pela dignidade, independência, prerrogativas e valorização da nossa profissão e instituição, é necessário, imprescindível, que o vicepresidente desta seccional seja preventivamente afastado”, avaliam Juliana Bisol, Eugênio Antinoro e Lucas Resende Rocha Júnior, integrantes do Tribunal de Ética da OAB federal.

“Há manipulação política nessa história. Quem levantou a denúncia fui eu”, defende-se Thompson. Como ISTOÉ revelou, a suspeita da fraude no exame da Ordem dos Advogados na seção do Distrito Federal começou depois que um fiscal observou que uma candidata, Elisângela Balsanelli, entregou a sua prova em branco e mesmo assim foi aprovada. Descoberta a irregularidade, Elisângela confessou na OAB a existência do esquema e o envolvimento da advogada e professora Priscilla Antunes, examinadora na parte de direito penal. Flagrada na investigação, Priscilla fez a delação premiada. Confessou que fazia parte do esquema, mas mostrou que ele envolvia também outros examinadores, e seria chefiado por Thompson Flores. Além de uma primeira punição imposta a Thompson, as fraudes nos exames da OAB, que não aconteceram apenas em Brasília, levaram a uma outra conseqüência: a partir de agora, o exame será nacional. A OAB contratou uma empresa ligada à Universidade de Brasília para ministrar o curso em todo o País.