Foi o Clóvis
A medida provisória do setor automotivo, a tal que foi aprovada na terça-feira 29 com incentivos e mais incentivos para instalação da Ford na Bahia, só foi votada no Congresso depois de autorização expressa do Palácio do Planalto. O acordo para a aprovação da MP foi fechado numa reunião, naquele dia, comandada pelo subchefe da Casa Civil, Silvano Gianni, com a participação da secretária de Assuntos Parlamentares do Planalto, Maria Celeste Guimarães, e um representante do Ministério do Orçamento e Gestão. A mando do ministro Clóvis Carvalho, eles acertaram os termos finais do projeto com o secretário da Fazenda da Bahia, Benito Gama, e os deputados José Carlos Aleluia e Manoel Castro, ambos do PFL de Antônio Carlos Magalhães. Partiu da Casa Civil da Presidência o e-mail para a Mesa do Congresso com o texto final do acordo que foi finalmente aprovado. Depois que deu zebra, FHC avisou que não sabia de nada. Pode ser. Mas seu ministro-chefe da Casa Civil sabia.

 

Outro apagão
O alerta é do professor titular do Departamento de Física da PUC-RJ, Ancelmo Páschoa. Se a economia melhorar e, portanto, crescer a demanda de eletrodomésticos, aumentarão os riscos de um grande blecaute no Rio e em São Paulo. O sistema elétrico do Sudeste está próximo do limite crítico.

 

Proposta tucana
Um cacique tucano já soprou no ouvido de FHC. Ele não veta a medida provisória da Ford. Em troca, ACM teria que aceitar a demissão dos dois ministros que apadrinha. O governo iria soltando a conta-gotas os financiamentos do BNDES para a fábrica na Bahia, mantendo ACM preso ao Palácio. Haveria até espaço para FHC dar uma de bonzinho com o cacique baiano, nomeando o neopefelista Roberto Brant na reforma ministerial.

 

Adivinhe de quem é o dedo indicador direito com curativo, na foto ao lado tirada na quarta-feira 7.

a) do costureiro Clodovil, ferido com uma agulha de costura.

b) do centroavante argentino Palermo, que mordeu o dedo após perder três pênaltis no jogo contra a Colômbia;

c) nenhuma das respostas anteriores.

Acertou quem escolheu a última opção. O dedo é do presidente da Anatel, Renato Guerreiro. Mas ele jura que não o machucou tentando fazer ligações interurbanas.

Olho grande
Não é à toa que os tucanos estão querendo a cabeça do ministro da Justiça. Além da boa visibilidade que Renan Calheiros deu à sua pasta, ele agora está prestes a administrar uma bolada de R$ 1,5 bilhão, entre outras receitas. A grana virá da arrecadação com o novo sistema de inspeção veicular determinado pelo Código de Trânsito. Será distribuída entre a União, as empresas vencedoras das licitações para fiscalizar os carros e os Detrans estaduais. Poder político suficiente para muita gente em ano de eleições municipais.

  R Á P I D A S

– Michel Temer já deu ao Planalto o argumento jurídico para o veto à MP da Ford: a emenda é geradora de despesas. Pela Constituição, uma iniciativa do Congresso não pode criar novos gastos para a União.

– O líder do governo Arthur Virgílio agora culpa Ronaldo César Coelho pela negociação da Ford. Mas no dia da votação, foi Virgílio quem discurssou encaminhando a bancada governista para votar a favor.

 

Por Tales Faria Colaborou Hélio Contreiras