Nos próximos dias, os brasileiros interessados em fazer compras no site americano eBay, o maior endereço de comércio eletrônico do mundo, poderão utilizar um aplicativo, disponível para download na App Store, com conteúdo em português e preços convertidos para o real. Por enquanto, apenas produtos direcionados ao mercado de moda, como roupas, joias, óculos e artigos de beleza, serão oferecidos pelo novo serviço, mas a ideia é que, no prazo máximo de 12 meses, toda a página do eBay na internet seja traduzida para o português. A iniciativa faz parte da estratégica do gigante americano de expandir seus negócios mundo afora, num momento em que a economia dos países ricos não tem fôlego suficiente para oferecer oportunidades. “O Brasil tem uma demanda crescente por bens de consumo, especialmente aqueles que ainda não podem ser encontrados no País”, disse à ISTOÉ Luis Arjona, chefe de operações do eBay para o Brasil. “Conhecemos as necessidades dos consumidores brasileiros e queremos oferecer novas marcas a preços acessíveis.” Basta observar alguns indicadores para entender a confiança do executivo. O comércio eletrônico brasileiro tem crescido na faixa de 20% ao ano, índice não repetido por nenhum outro país, e a expectativa é que as vendas superem R$ 28 bilhões em 2013. Esse setor, porém, não é o único a atrair investimentos vindos do Exterior. Com a estabilidade econômica e o crescimento dos últimos anos, o Brasil se tornou parada obrigatória para empresas estrangeiras.

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FRONTEIRA
Sede do eBay em San José, nos EUA: empresa vai lançar
aplicativo com conteúdo em português e preços em real

Apenas no mês de setembro, quatro grandes companhias internacionais confirmaram a abertura de fábricas e escritórios no País. Além do eBay, a montadora alemã Audi, a grife americana de roupas Gap e a maior empresa do setor de móveis do mundo, a sueca Ikea, revelaram sues planos de investimento no mercado brasileiro. Presente em 40 países, o grupo Ikea faz sucesso ao oferecer móveis de design arrojado e itens de decoração a preços geralmente acessíveis. No Brasil, as empresas que desbravaram esse segmento, como Tok & Stok e Etna, fizeram enorme sucesso, e isso explica em parte o interesse dos suecos. A Ikea já está se movimentando. A companhia abriu um escritório em Curitiba e cerca de 20 funcionários já trabalham no local. Embora os executivos não detalhem o projeto brasileiro, é certo que ele deve repetir o modelo global da empresa. Além dos móveis, a Ikea vende, em lojas gigantescas, de ferramentas a itensde paisagismo. Para o cliente, a sensação de visitar um desses estabelecimentos é a de estar realizando um passeio em família, com produtos capazes de seduzir adultos e crianças e assim a rede fatura vendendo para todo o mundo.

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LUXO
O presidente da Audi, Rupert Stadler, quer ser líder do setor premium no Brasil

Muitos dos investimentos já estão virando realidade. Nos próximos meses, a Gap vai abrir duas lojas na cidade de São Paulo. Já a alemã Audi está em vias de iniciar a construção de uma fábrica em São José dos Pinhais, no Paraná, que vai consumir R$ 500 milhões. Na semana passada, o presidente mundial da Audi, Rupert Stadler, apresentou os planos ambiciosos da empresa. “Nosso objetivo de longo prazo no Brasil é atingir a liderança no segmento de automóveis premium”, disse Stadler. Para especialistas, há uma explicação simples que justifica o desejo de investir no País. “Não está fácil vender carro na Europa e por isso as montadoras têm grande interesse em inaugurar fábricas por aqui”, afirma Paulo Roberto Feldman, professor de economia da Fea/Usp. “O mercado consumidor de 115 milhões de brasileiros, o desemprego zero, o bom desempenho energético, o aumento da renda da população e a perspectiva de crescimento no futuro são os principais fatores que atraem o investidor estrangeiro.”

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GLOBAL
Consumidores chineses fazem da loja da Ikea de Pequim a mais
visitada do mundo. A marca está presente em 40 países

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A preferência internacional fezo País escalar posições no ranking de economias mais atraentes para o investimento estrangeiro direto. Superado apenas por Estados Unidos, China e Hong Kong, o Brasil ocupa a quarta posição na lista, com um volume total de US$ 65 bilhões em recursos captados do Exterior no último ano. Algumas mudanças no cenário internacional podem favorecer ainda mais o Brasil. “O mercado consumidor chinês também atrai investidores, mas a mão de obra já não é tão barata como há alguns anos”, ressalta Feldman, da USP. Outro fator está relacionado à crise financeira internacional. “A busca por cadeias globais mais produtivas se acentua no momento em que os países desenvolvidos enfrentam um período de recuperação econômica”, diz Lia Valls, pesquisadora em economia internacional do Ibre/FGV. A julgar pelos prognósticos, cada vez mais estrangeiros virão para o Brasil. Isso é bom para as empresas, mas é melhor ainda para o País.

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