Confira o clipe de “Kiss You”:

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O prestígio de Barack Obama anda em baixa não só no meio diplomático. Há mais de um ano ele vem tentando, sem sucesso, promover um pocket show na Casa Branca tendo como atração a boy band inglesa One Direction. Faria isso para satisfazer os insistentes pedidos de suas filhas Malia, 15 anos, e Sasha, 13, que, como milhões de garotas na mesma faixa de idade, arrancam os cabelos pelos cinco garotos mais bem pagos atualmente no mundo da música.  Harry Styles, Liam Payne, Louis Tomlinson, Zayn Malik e Niall Horan alegam que ainda não puderam atender ao convite do presidente americano porque desde 2010, após estourarem na internet, engataram uma turnê mundial que parece não ter fim. Com estádios lotados onde quer que pise, o 1D, como o grupo prefere ser chamado, tem shows marcados até meados do ano que vem, quando, inclusive, se apresenta pela primeira vez no Brasil. Era para ser dois espetáculos, um no Rio e outro em São Paulo, mas foi só abrir as vendas para que os ingressos se esgotassem na capital paulista, obrigando a abertura de mais uma data. Essa ciranda faz do quinteto o mais bem-sucedido do pop atual e está documentada no filme “This is Us”, que reconstitui a meteórica ascensão do grupo, desde a sua revelação no reality show “The X Factor”, apadrinhado pelo empresário Simon Cowell, o mesmo por trás do fenômeno Susan Boyle.

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DIREÇÃO CERTEIRA
Harry, Louis, Zayn, Niall e Liam no lançamento do filme "This Is Us" (acima)
e no intervalo da turnê, que chega ao Brasil em maio de 2014: fenômeno

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Embalado por um contrato inicial de dois milhões de libras, a banda alinha recordes – só para ficar no mais expressivo, é o único conjunto inglês a atingir o primeiro lugar nas paradas americanas com o disco de estreia, feito que nem os Beatles conseguiram. Por isso, sua escalada nos EUA foi anunciada como uma “nova invasão inglesa”. A referência ao quarteto de Liverpool faz sentido e foi também lembrada pelo diretor do filme, Morgan Spurlock, que, após acompanhar a banda em 35 espetáculos movidos pela mais absoluta histeria feminina, disse estar contemplando “o que mais se aproximaria hoje da antiga beatlemania”. Com essa ideia em mente, usou no seu filme algumas técnicas conhecidas dos clássicos documentários dos Beatles, como soltar os cinco garotos disfarçados em uma rua de Amsterdã e registrar a confusão gerada no mtomento em que eles são identificados. Na fuga, os One Direction buscam abrigo numa loja Nike (o onipresente merchandising é um dos trunfos da banda) e um deles desabafa: “Uma fã queria arrancar minha orelha. Achei uma loucura. Como alguém pode querer uma parte do seu corpo?”.

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A plateia enlouquecida talvez não saiba, mas “This is Us” tem assinatura de um dos papas do documentário político, o diretor que passou um mês comendo apenas no McDonald’s e, com isso, denunciou no filme “Super Size Me” os estragos que a dieta fez no seu corpo. Entrevistado pelo jornal “New Musical Express”, a bíblia inglesa do rock independente, Spurlock saiu em defesa da banda, para surpresa de seus apreciadores anticorporação: “Não acho que eles sejam assassinos da música e da arte”. Com mais de 30 milhões de discos vendidos e donos de uma fortuna que até o ano que vem pode ultrapassar a casa do US$ 1 bilhão (cifra projetada pelo ritmo avassalador do faturamento), o One Direction não apenas injetou ânimo na indústria fonográfica, numa época em que ninguém mais acreditava em vendas astronômicas, como reinventou o próprio formato da boy band. Sem apelar para tolas coreografias e visual produzido, os meninos, com idade variando entre 19 e 21 anos, sabem que vivem outro tempo. Cantam na música “Up all Night”: “I want to stay up all night/ and do it all with you” (quero passar a noite acordado e fazer tudo com você) – no que são acompanhados por gritinhos histéricos de pré-adolescentes. Nada ingênuo, Harry Styles, o mais carismático dos cinco e forte candidato a seguir carreira solo, resume o fenômeno: “Ficaria satisfeito se, no futuro, ouvisse uma mãe dizer para a sua filha: ‘Esse era o grupo que eu gostava na juventude’”. Porque, enquanto existirem garotas adolescentes, sempre vai existir uma boy band.