Três jornalistas de IstoÉ foram agredidos na semana que passou. Mino Pedrosa e André Dusek, da sucursal de Brasília, foram a Goiânia entrevistar o juiz Avenir Passo de Oliveira, da Vara de Falências e Concordatas, acusado por advogados da Encol de receber R$ 1 milhão para facilitar a concordata da malfadada construtora. O dinheiro, conforme relato dos advogados publicado na edição passada, era resultado da venda de uma boiada e foi levado à casa do juiz numa sacola de náilon. Depois de impedir a presença dos repórteres em uma entrevista coletiva, o juiz e os policiais do fórum agrediram os jornalistas. Dusek foi atingido na cabeça pelo seu equipamento fotográfico e ele e Pedrosa acabaram sendo indiciados no 1º Distrito em Goiânia.

Na entrevista proibida, o dr. Passo produziu um desatino ainda maior do que o hematoma na cabeça de Dusek. Lá ele disse que a jornalista Sônia Filgueiras, autora da reportagem juntamente com Pedrosa, insinuou negociar a não-publicação da história. Afirmou também que ela pediu R$ 25 mil ao advogado Habib Badião para tirar o nome dele.

O juiz não tem a menor idéia de quem é Sônia Filgueiras. Aos 31 anos, é uma das mais sérias e competentes jornalistas de economia do Brasil. Ela é maníaca por perfeição. Em todas as matérias que faz, checa e recheca os fatos até a exaustão. Dela e de seus superiores. Foi o que fez no caso da Pasta Rosa do Banco Econômico, um furo de reportagem que lhe valeu em 1996 o Prêmio OK de Jornalismo e a indicação para ser uma das três finalistas ao Prêmio Esso de Jornalismo Econômico. Além de competente, Sônia brilha pelo caráter e teve uma educação exemplar. Seu pai é João Filgueiras Lima, um dos mais importantes arquitetos brasileiros contemporâneos e acaba de receber o Prêmio da Bienal Internacional de Arquitetura de Madri. Sua mãe é Alda Rebelo Cunha, também arquiteta e que trabalhou com Oscar Niemeyer em vários projetos de paisagismo em Brasília. Para nosso orgulho, Sônia retornou à revista este ano, depois de frutífera passagem pela televisão, onde trabalhou com Paulo Henrique Amorim na Rede Bandeirantes. Para nós é um privilégio trabalhar com gente como Sônia Filgueiras.