Ronald Shanabarger sempre foi tido como mais um dos pacatos moradores da pacata cidade de 14 mil habitantes Franklin (Indiana), nos Estados Unidos. Operário, tinha uma vida de classe média, com casa e carro próprios e trabalhava numa fábrica de pneus. Tinha uma esposa adorável, Amy, e um lindo filho de sete meses, Tyler. Na segunda-feira 28, a rotina do tranquilo cidadão mudou e ele foi parar atrás das grades acusado de assassinato. Na noite do dia 19 de junho – véspera do Dia dos Pais americano –, Shanabarger entrou no quarto do filho e, calmamente, amarrou um saco plástico em volta da cabeça do bebê. Durante os 20 minutos que esperou Tyler morrer, comeu um lanche requentado. Depois, Shanabarger ainda virou a cabeça do bebê para dar a impressão de que a criança havia morrido sufocada. Fez isso enquanto sua mulher trabalhava como caixa em um dos supermercados da cidade. Amy só foi encontrar o corpo do filho na manhã seguinte.

Arrependido e assustado com o rosto da criança morta, o operário foi até uma delegacia e resolveu fazer uma confissão, que impressionou até os policiais. O motivo, alegou, era vingança. Em outubro de 1996, quando seu pai morreu, Amy passeava de férias num cruzeiro e não interrompeu a viagem para estar presente no enterro do sogro. A dor de Shanabarger foi tamanha que ele resolveu vingar-se da mulher com requintes macabros. Uma vingança que foi cuidadosamente elaborada. Ele afirmou que seu objetivo era fazer com que Amy sofresse da mesma maneira que ele sofreu quando foi abandonado por ela na morte de seu pai. "Ele ficou furioso e revoltado porque Amy não voltou para acompanhá-lo no enterro", disse um dos policiais. Shanabarger contou que havia planejado a morte do bebê antes mesmo de Amy engravidar. Disse que só queria ter um filho para poder matá-lo. A gestação foi cheia de cuidados e ele queria que a criança nascesse com boa saúde. "Com uma premeditação desse porte, parece ser o caso de uma psicopatia. Aqui houve uma ruptura de seu universo emocional. Quando um pai premedita a morte de um filho e não consegue envolver-se emocionalmente, agindo só no racional, é psicopatia" explica a psicóloga brasileira Emilia Fukunaga.

O promotor do caso, Lance Hamner, afirmou a ISTOÉ por telefone que Shanabarger não está sob tratamento psiquiátrico. Para o promotor, ele é assassino e estava ciente do que fez. "Ele não me parece louco, mas também está além da minha compreensão entender como um pai mata seu próprio filho de sete meses", disse. O promotor Lance Hamner trabalha há dez anos em Franklin e afirma nunca ter acompanhado um caso semelhante. Ele conta que Amy está ainda em estado de choque. O julgamento está previsto para o dia 30 de novembro e Shanabarger poderá pegar de 45 a 65 anos de cadeia caso seja provado o assassinato. A legislação do Estado de Indiana prevê também a pena de morte, mas por enquanto esse não parece ser o destino do operário. Contudo, o promotor Hamner adianta que, por conta do andamento das investigações, não pode no momento revelar todos os dados, mas que esta história ainda poderá trazer outras revelações estarrecedoras.