O racha silencioso no PFL
Não é só o presidente da República que anda de orelha em pé com as demonstrações de poder de ACM. A cúpula do PFL também está preocupada. É assim que deve ser entendida a proposta do presidente do partido, Jorge Bornhausen, que defendeu a redução dos 23 ministérios hoje existentes a cerca de 12 ou 15 pastas na reforma ministerial de FHC. Bornhausen levou a proposta ao presidente no dia seguinte à declaração de Antônio Carlos de que nenhum dos dois ministros do PFL da Bahia seriam atingidos pela reforma. Na verdade, deu a Fernando Henrique o argumento para se desfazer de pelo menos um dos apadrinhados do presidente do Senado: com apenas, digamos, 15 cargos de primeiro escalão a preencher, não faria sentido manter dois deles nas mãos de um único cacique. FHC pareceu gostar da idéia, mas ninguém sabe se terá coragem de enfrentar ACM. O presidente do Senado, por sua vez, já mandou avisar aos amigos de Bornhausen que detectou sua estratégia. E não gostou nem um pouco.

 

A caçada continua
A CPI dos Bancos anda mal das pernas, mas o Ministério Público Federal continua na caça dos responsáveis pelas maracutaias no socorro do Banco Central aos bancos Marka e FonteCindam. Na última semana, sete procuradores da República no Distrito Federal entraram com ações de improbidade administrativa e indisponibilidade dos bens de Francisco Lopes, Cláudio Mauch, Demósthenes Madureira, ex-presidente e diretores do BC, por causa dos R$ 519 milhões de prejuízo que os cofres públicos sofreram com a ajuda ao FonteCindam. De quebra, as ações pegam também o ex-presidente do banco, Luiz Antônio Gonçalves.

 

Sempre os mesmos
Começam a ser concluídos os levantamentos da Receita Federal sobre as famosas contas CC-5, cujo sigilo foi rompido pela CPI dos Bancos. Apenas 42 empresas são responsáveis pela metade de todas as transferências realizadas entre maio de 1996 e maio de 1999. Mandaram para o Exterior a bagatela de US$ 56 bilhões.

 

Haja torcida!
Os presidentes do PFL, Jorge Bornhausen, e do PSDB, Teotônio Vilela Filho, encontraram-se na quarta-feira 30 num badalado restaurante de Brasília. Travaram o seguinte diálogo:

– Fiz a minha parte. Agora é com o presidente. É a última oportunidade –, disse Bornhausen.

– E fez muito bem. Só nos resta torcer –, concordou Teotônio.

Nenhum dos dois escondia uma certa descrença em relação ao presidente.

 

  R Á P I D A S

– Os militares agem como os políticos. O novo chefe do Estado-Maior do Ministério da Defesa, brigadeiro Nelson Taveira, reservou para a Força Aérea o cargo de assessor militar da delegação da ONU em Genebra.

– A bancada dos empresários na Câmara caiu de 134 para 102 deputados. Mas ainda é a maior, segundo levantamento do boletim empresarial Carta Congresso. A segunda é dos ex-prefeitos, com 85 integrantes.

Por Tales Faria – Colaboraram: Andrei Meireles e Hélio Contreiras