Quando o ator Guy Sander, 45 anos, se separou da mulher, em 1989, os filhos, Rossane e Raphael, à época com seis anos e um ano e meio, ficaram com a mãe. Depois de alguns meses, Guy desconfiou que a ex-mulher não estava bem. Dizia-se perseguida e, por 40 dias, deixou de levar a menina à escola. Ele entrou com pedido de reversão de guarda na 1ª Vara de Família do Rio de Janeiro e ganhou. Quando foi morar com ele, seu filho ainda usava fraldas e tomava mamadeira. "Eu, que sempre fui um profissional autônomo, tive de abrir mão de trabalhos e da minha vida pessoal", recorda. Sander se deu tão bem na função que passou a viver o papel de pãe em tempo integral. A guarda paterna tem se tornado um desfecho cada vez mais frequente em separações de casais com filhos. As mães continuam a ter primazia na posse e na guarda dos filhos, mas aumenta a cada dia o número de homens que obtêm a guarda provisória ou mesmo definitiva. E não é só no Brasil. Uma pesquisa do Census Bureau, órgão do governo dos Estados Unidos para pesquisas demográficas, indica que o número de pais solteiros no País passou de 1,7 milhão em 1995 para 21,1 milhão em 1998. Segundo o estudo, o fenômeno se deve a mudanças na legislação sobre a guarda das crianças, agora mais permeáveis à demanda masculina.

O advogado Paulo Lins e Silva se diz estupefato com o número de homens solicitando a guarda dos filhos que chegam a seu escritório, um dos mais conceituados do Rio de Janeiro. São cerca de 30% de seus clientes. Lins e Silva atribui esse novo perfil familiar ao movimento de emancipação feminina, iniciado na década de 60. Hoje já é possível encontrar mães que são provedoras integrais e pais disponíveis para gastar seu tempo derramando-se em atenção aos filhos. "Crescem os casos de mulheres que passaram a ser a cabeça da família e por isso já não têm tempo para se dedicar aos filhos", teoriza. A advogada Fátima Araújo garante que há dez anos era quase impossível um homem separado ficar com os filhos. "Desde que a mulher saiu para trabalhar e passou a exercer funções iguais às dos homens, a guarda materna deixou de ser líquida e certa", explica. Os homens estão mais conscientes e participam mais da criação dos filhos, acredita o advogado Sérgio Calmon.

Não por acaso, o consultor de informática Ernesto H., 46 anos, pai de três filhos, de seis, oito e doze anos, estava otimista ao se preparar, na sexta-feira 2, para a primeira audiência da ação que move contra a ex-mulher. Há dez meses, ela saiu de casa e ele teve de dominar, da noite para o dia, o equilibrismo casa-carreira e crianças. "No começo foi um choque, mas descobri que sou capaz de oferecer a eles uma boa estrutura familiar." Ernesto aprendeu também que a proximidade é um ganho. "Eu acompanho as lições, vou à festa junina e converso com eles. Não quero mais abrir mão desse privilégio", conta Ernesto, que até agora só se sentiu desprotegido em duas situações. No dia em que a filha mais velha menstruou (ele não sabia o que escolher diante da imensa prateleira de absorventes da drogaria) e na tarde de quinta-feira, 1º, quando a empregada faltou.

Foco no filho "A maioria dos pais está preocupada com a educação que os filhos vão ter", observa a advogada Natália Pavan Imparato, de São Paulo, especializada na área de família. "Mudou a mentalidade e eles querem participar mais. Não querem mais ser ausentes ou limitar-se a ser provedores", diz. "Como homens e mulheres hoje disputam igualmente o mercado de trabalho, trata-se de saber quem estará mais disponível para os filhos", diz o juiz Guilherme Strenger, da 5ª Vara de Família de São Paulo.

O foco na criança é um ingrediente novo nas decisões dos juízes, reforçado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, aprovado em 1990. A juíza Vera Maria Soares, da 10ª Vara de Família, com 15 anos de magistério e 50 de idade, admite que vivia engessada na tese de que as mães têm sempre de ficar com os filhos. Até que, em 1994, deparou-se com um caso que começou a mudar sua cabeça. Um pai de classe social mais baixa solicitava a guarda da filha de nove anos. Aparentemente, a juíza não viu nada de errado com a mãe, que trabalhava com artesanato e sustentava a filha com a ajuda de uma pequena pensão paterna. Até que teve uma conversa a sós com a menina. Constatou que, embora gostasse da mãe, ela se sentia explorada por ter de ajudá-la no trabalho e queria ter o direito de brincar. "É essencial ouvir as crianças para evitar erros", diz a juíza.

Mas, embora a predisposição histórica de favorecer a mulher tenha sido abalada, retirar a guarda da mãe ainda é uma atitude traumática e dolorosa. Para a psicanalista Maria Clara Pellegrino, qualquer mulher numa situação dessas se sente profundamente desqualificada enquanto mãe, durante muito tempo a principal função social da mulher. "A maioria das mulheres se sente desestruturada ao perder a guarda do filho", diz a psicanalista.

A publicitária Rosana de Almeida Correa, 39 anos, chegou a pensar em se matar depois de passar várias noites sem dormir quando perdeu a guarda de seus dois filhos. Durante a audiência que definiu o futuro dos meninos, Rosana batia pé que jamais abriria mão deles. Mas acabou sentindo-se acuada, quando a juíza lhe disse que ela teria de preencher um termo assumindo essa posição para que fosse feita uma outra audiência com a presença dos meninos. "Na hora de assinar, não tive coragem", lembra-se, já refeita com um novo casamento e uma filha de três anos. "Minha maior felicidade seria se eles viessem morar comigo", desabafa.

O ex de Rosana, o engenheiro José Alberto Barroso, 40 anos, também já com nova companheira e um terceiro filho, Mateus, três anos, dá uma pista sobre as razões da juíza. Antes de se separar, levar ao colégio e cuidar dos meninos, Gabriel, na época com nove anos, e Lucas, quatro, sempre fez parte da vida de Barroso. Assim como acompanhá-los às refeições e brincadeiras. Como profissional liberal, tinha mais tempo para se dedicar aos meninos que a mulher publicitária. Convencido de que os meninos precisavam de uma rotina, José Carlos entrou na Justiça para conseguir a guarda e ganhou. No início a vida ficou confusa. Quando a empregada faltava, fazer macarrão ou fritar ovos não chegava a ser um problema para o pãe. A maior dificuldade era passar o uniforme de colégio de Gabriel. "Ficava horrível, mas eu passava", lembra.

Uma das disputas mais públicas pela guarda de uma criança foi protagonizada pelo ator Felipe Camargo, 38 anos, e pela atriz Vera Fischer, 49, pais de Gabriel, seis. Quando Vera passou por sucessivas internações para se recuperar de dependência química, a Justiça determinou que o menino morasse com o pai. "Essa situação não me deixa feliz, embora tenha muitos momentos de felicidade com Gabriel", reconhece o ator. No início não foi nada fácil para Felipe porque ele também se recuperava de dependência química e precisava de atenção. O fato de morar na época na casa da avó e a presença de uma empregada de 30 anos de casa vieram em seu socorro. "Ele dormia comigo na cama de casal", conta. Depois de um tempo o ator melhorou de vida, alugou um apartamento, contratou uma empregada que fazia tudo, comprou outro carro e arrumou um motorista para livrá-lo da rotina de levar e buscar o filho diariamente na escola alemã. Evita levar mulheres para casa, já que não há nada de sério em sua vida amorosa. Há um ano, o menino começou a receber uma pensão de Vera, e as despesas são rachadas ao meio. "Ela está querendo se fazer mais presente. Levou Gabriel ao dentista e às vezes o busca no colégio. Não é mais aquela coisa de só prazer", comemora.

Incerteza Felipe não sabe se vai ficar com o filho para o resto da vida, mas acha que essa situação ainda vai durar muito. Uma coisa é certa. Por mais que se esforce em demonstrar que se equilibrou, a atriz não conseguiu na última audiência sequer autorização para visitar o filho sem o monitoramento de uma terceira pessoa. Procurada pela reportagem de ISTOÉ, a atriz preferiu não dar declarações.

Nem todas as ações judiciais são tão traumáticas. O empresário paulista e autor de jingles Rubens Garcia Neves Júnior se separou, aos 26 anos, e seus filhos Pablo, Carlo e Grazie, de um, três e seis anos, foram viver com a mãe em Monte Verde (SP). Júnior tinha tanta certeza de que seus filhos estariam melhor a seu lado que, diante da resistência da ex-mulher, decidiu levar o caso aos tribunais. "Não ia dar certo eles ficarem lá. Era uma questão de escola, de médico", explica. Doze anos depois, ele que viu sua juventude ter gosto de mingau e suas noites serem embaladas por Boi da cara preta, acha que valeu a pena. "Faria tudo de novo."

Outro que conseguiu uma sentença a seu favor foi o pequeno empresário Paulo César Homem, 49 anos. Ele se separou da mulher em 1983 quando o filho, Paulo, tinha três anos. No início o menino ficou com a mãe e o relacionamento entre os três fluía sem maiores problemas. Até que Paulo César começou a namorar, dois anos depois. As visitas foram dificultadas. Até que essa ex, cearense, vendeu o apartamento que Paulo César tinha lhe dado e se mudou para Fortaleza. Só que seus pais e irmãs já moravam no Rio. Ou seja, nada tirava da cabeça do empresário que aquilo tudo era uma grande armação para afastá-lo do filho.

Diagnóstico Quando o menino veio passar com ele as primeiras férias de fim de ano, o achou muito inquieto. Sempre repetia que não queria voltar a Fortaleza porque toda a sua família e seus colegas de colégio estavam no Rio. Não foi difícil conseguir a guarda, depois da perícia de uma psicóloga que constatou o desejo do menino. "Nesse momento vi como era complicado assumir o papel de mãe", admite Paulo César. Tinha que controlar escola, curso de inglês, escolinha de futebol e natação, e trabalhava o dia inteiro. Hoje o filho Paulo está com 19 anos, estuda Direito e faz estágio, tem namorada e, segundo o pai, virou um rapaz totalmente equilibrado. Paulo César se casou de novo há três anos e teve outro filho. "Paulo chama minha mulher de mãezona e ela o chama de filhão", comemora ele, que jura que faria tudo de novo se o tempo voltasse atrás.

Nem todos os pais que criaram filhos mistificam os benefícios dessa convivência. O cineasta Ícaro Martins, 37 anos, que cuidou dos filhos Mathias e Noel desde que tinham cinco e três anos, comenta: "Acho que o melhor ou pior resultado depende mais da abertura para a convivência do que da presença constante", avalia. Não foi Ícaro quem decidiu que os meninos iam viver com ele. "Minha ex-mulher era aeromoça e tinha pouca disponibilidade de tempo", ele explica. "Os meninos passavam mais tempo com a avó e com a tia do que com ela, por isso ela achou que ficarem comigo era uma solução melhor", conta. Por pertencer a um meio de valores mais liberais do que a maioria, ele pôde viver isso informalmente sem decisões judiciais. "Por isso, hoje os meninos podem se alternar entre a casa da mãe e a minha", ele conta.

O comerciante Lucilo Bueno, 57 anos, não titubeou quando seu filho Lucilo, então com 13 anos, lhe telefonou, às 2h da madrugada, dizendo que tinha discutido com a mãe e ela o expulsara de casa. "Ele estava desesperado. Fui pegá-lo de carro e simplesmente não queria mais ver a mãe", relata. Lucilo ficou morando com o pai por seis meses, até que decidiu ficar de vez com ele. O comerciante procurou o juiz e, para sua surpresa, durante a audiência a mãe declarou que também abria mão da filha, Christiana, então com nove anos. "Foi um choque, mas tive sangue-frio e respondi que queria me limitar ao pedido da guarda do menino", conta.

A mãe deixou a filha com seus pais e se mudou para Denver, onde foi morar com um novo parceiro. Enquanto isso, Bueno foi desempenhando sua função de pãe, lembrando-se das experiências de sua avó, que se separou de seu avô em 1930 e criou a filha sozinha, e da própria mãe, também abandonada pelo marido quando ele tinha sete anos. "Por que eu também não podia passar por aquilo?" Agora, Bueno acompanha a situação da filha, que foi convidada pela mãe para se mudar para Denver. De uma coisa ele tem certeza: "A gente colhe o que plantou para o futuro. No final dá tudo certo e eles vão sobreviver", festeja.

 

Nova mãe Tamanhas reviravoltas haviam mesmo de provocar outras mudanças de comportamento feminino. A maternidade pode, finalmente, deixar de ser o crachá para a existência social das mulheres, como exprime a história da bancária Jany Maria dos Santos, 39 anos. Casada durante 12 anos com o profissional liberal José Carlos, ela é funcionária do BNDES e a cada ano ficava mais ocupada. Quando pegou a mala para sair de casa, há quatro anos, consultou os filhos, Bruno, à época com nove, Mariana, sete, e Matheus, um. O único que quis ficar com ela foi o caçula. "José Carlos sempre teve muito mais tempo disponível que eu. Levava as crianças ao colégio e cuidava delas sem o menor sacrifício, com o maior amor."

Jany se sente a antítese daquela imagem da mulher desnaturada, que abandona os filhos, um tanto anacrônica nos dias de hoje. Pelo simples fato de que ela jamais se sentiu abandonando as crianças. Para não dizer que tudo correu às mil maravilhas, sofreu com a reprovação da família e dos amigos. "Mas meu coração nunca se apertou porque sabia que seria melhor para as crianças. Ia ser um egoísmo de minha parte se eu insistisse em ficar com elas." No dia seguinte quando saiu de casa, entrou com um oferecimento de pensão para que todos pudessem manter o padrão de vida. Como sempre pegava os filhos para passar os finais de semana, chegou uma hora em que Matheus também quis se juntar aos irmãos, no ano passado. Saíram todos da audiência com o juiz e se confraternizaram em um animado almoço. Para as crianças, a harmonia entre os pais traduziu-se em tranquilidade. Mariana, que tinha 7 anos quando os pais se separaram, lembra-se apenas que esteve no fórum e disse ao juiz que preferia viver com José Carlos. Três anos depois, ela conta que sua vida está ótima. Almoça e janta todos os dias com o pai e os irmãos e encontra a mãe em fins de semana alternados. Sobre a possibilidade de morar com a mãe, agora que está ficando mocinha, comenta: "Pode ser, mas quando preciso dela basta telefonar."

Colaboraram: Angela Klinke e Eduardo Ferraz

 

Era da igualdade

De uns dois anos para cá, surgiu um boom de uma nova modalidade entre os psicólogos: a dos peritos para ações judiciais. Sinal dos tempos. É consequência direta da mudança de perfil da família. Se no passado os filhos de pais separados só ficavam com as mães, agora a maioria dos casos de separação que chegam à perícia é de situações que fogem a essa rotina, como a de pais que pedem a guarda dos filhos. A psicóloga Cristina Paranhos, 37 anos, é um exemplo. Ela virou perita em 1995. Hoje, a concorrência começa a ficar acirrada. "Me gratifica muito. Dá resultados porque ajuda a organizar famílias desestruturadas", avalia.

Cristina é nomeada pelos juízes para produzir uma avaliação técnica. Seu trabalho se tornou imprescindível: lê os processos, entrevista o pai, a mãe, as crianças e os avós, visita o ambiente familiar e produz um laudo. É esse laudo que sugere ao juiz qual o destino mais recomendável para a criança. Embora leve em conta a perícia, a palavra final cabe ao juiz. O trabalho da psicóloga dura pouco mais de um mês e custa de R$ 1,3 mil a R$ 2,6 mil. Ela tem feito de cinco a seis perícias por ano.

Cristina garante que jamais sentiu um corporativismo feminino ao transferir a guarda de uma mãe para o pai. "Faço muitas entrevistas, não menos de dez, para me certificar dessa decisão. É um trabalho muito cuidadoso." A psicóloga acredita que os pais de hoje são muito mais presentes e até assumem a função materna. "Há pais que funcionam com o afeto das mães e mães que se tornaram provedoras como eram os pais", analisa.

 

"O bom educador não tem sexo"

Será que muda alguma coisa quando é o pai que pega o desafio de educar os filhos e não a mãe? "O homem que educa os filhos sozinho enfrenta o mesmo tipo de dificuldade que a mulher, a dificuldade de conciliar as funções maternas e paternas", diz a psicanalista Maria Lúcia Gutierrez, professora do Núcleo de Psicoterapia de Casal e Família da PUC de São Paulo. Segundo Lúcia, a melhor receita para ser bem-sucedido é ir exercitando o papel e aprendendo com a experiência, ficando sempre atento para as necessidades da criança. "É preciso tomar o cuidado para não educar a criança como um miniadulto", alerta Lúcia. Paulo Afonso Ronca, doutor em Psicologia Educacional pela Unicamp, explica que numa família o pai costuma ser mais duro e inflexível, e a mãe mais sensível e aberta. Mas ambos podem ser bons educadores, mesmo exercendo esse papel sozinhos. "O bom educador não tem sexo", diz. O importante aí é não pender demais para um dos lados. "O pai que não tem sensibilidade é meio pai, e a mãe que não exerce nenhum tipo de autoridade é meia mãe", afirma Ronca.

A psicanalista Teresa Palazzo Nazar não vê nenhuma desvantagem no fato de um filho ser criado pelo pai, desde que tenha um convívio com os dois. "Ainda assim, se não conviver com a mãe, poderá se identificar com a namorada do pai ou com uma tia", diz. Teresa vê vantagens para a criança que mora com o pai pelas seguintes razões: o pai costuma ser mais distante do filho, porque a mãe é o objeto amoroso do bebê. Na medida em que o pai se abre para uma relação de maior proximidade, vai deixar de ser só aquela referência de autoridade para assumir também o lado amoroso da relação. "Estabelece-se então uma amizade que é pouco habitual nas relações de pai e filho." Educar um filho nunca foi tarefa fácil, mas é certamente uma das experiências mais ricas e gratificantes que uma pessoa pode ter.

 

Mãe de gravata na tevê

Um pioneiro no gênero pai que cria filhos, o cantor e empresário Ronnie Von, 54 anos, especializou-se. Depois de escrever o livro Ronnie Von, mãe de gravata (Editora Maltese, 1994), ele estreou, em junho, como apresentador do programa diário Mãe de gravata, na CNT, às 17 h. "Exceto gerar e amamentar, não há nada que um pai não possa fazer tão bem quanto uma mãe", garante Ronnie, pai de Alessandra, 29 anos, Ronaldo, 28, e Leonardo, 12. "Em que manual está escrito que um homem não é capaz de lavar, passar, cozinhar ou cuidar de crianças", ele provoca. Desde que obteve a guarda dos filhos, nos anos 70, até agora, ele observa que as mentalidades feminina e masculina mudaram notavelmente. A primeira vez que entrou numa loja em São Paulo em busca de calcinhas para a filha, teve de ser removido para a gerência porque uma multidão aglomerou-se diante da vitrine com comentários agressivos sobre a sua presença entre lingeries. Na semana passada, sua audiência chegou a quatro pontos, no disputado horário das seis da tarde, com a apresentação de um desfile de lingeries. Já não é um escândalo que um homem se ocupe de tais delicadezas, mas Ronnie sabe que as mudanças ainda atingem uma pequena esfera. "Minha intenção era compartilhar minha experiência com outros pais que criam filhos sozinhos, mas verificamos que apenas 20% da audiência do programa é masculina", informa.