Fabio Pozzebom/abr

CONTROLE CIVIL O tráfego pode passar para o comando direto de Waldir Pires no Ministério da Defesa

Como um avião em vôo cego, sem o contato com a torre, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está perdido. Ele mesmo confessou isso, em jantar com senadores do PT na terça-feira 3. Apenas depois de ter anunciado como solução a desmilitarização do controle aéreo é que Lula constatou que a medida, pelo menos por enquanto, era algo impossível de se efetivar. “Como eu posso já agora criar um órgão civil se hoje só a Aeronáutica forma controladores?”, indagou o presidente. De concreto, permanece a intenção de tirar o tráfego aéreo da esfera militar. O presidente já se convenceu de que, sob a égide da Aeronáutica, o sistema não funciona bem. O problema é como fazer tal mudança.

A idéia é criar um novo órgão para abrigar os 2,2 mil controladores militares, quase todos sargentos. Todos passariam a ser funcionários civis. Mas onde pendurar esse órgão? Planeja-se subordiná-lo ao Ministério da Defesa, pasta que não se sabe até quando ficará sob o comando de Waldir Pires. Mas há também quem defenda que a estrutura seja absorvida pela Infraero. O Ministério do Planejamento tinha um rascunho da solução. Previa a criação de uma nova secretaria no organograma da Defesa. Com a mudança, viria um reajuste salarial, na forma de gratificação. Mas, nesse ponto, havia um nó.

Ao menos por um período transitório, os controladores continuariam sendo militares. Assim, não poderiam receber mais que R$ 700 de gratificação, valor pago hoje a oficiais-generais que ocupam cargos comissionados no Ministério. Suficiente? Não. A categoria queria gratificação de R$ 3 mil, o que dobraria o salário da grande maioria. Mas pagar além dos R$ 700 seria problema. Se assim fosse, haveria sargento mais bem gratificado que brigadeiro. A hierarquia iria, literalmente, para os ares. Há outros problemas a equacionar. Hoje, os equipamentos que servem ao controle de tráfego aéreo são os mesmos usados para a defesa aérea, atribuição constitucional da Aeronáutica. Os militares sinalizam que não gostariam de compartilhar a parafernália. Hoje, a previsão é de que a mudança só seja efetivada em dois anos. Enquanto isso, seguirá rondando o fantasma do apagão aéreo.

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