O megaempresário Rupert Murdoch não resistiu à onda de protestos. Dono do complexo News Corp., que abriga a emissora de tevê Fox e as editoras ReganBooks e HaperCollins, ele não teve outra alternativa a não ser cancelar o lançamento do livro-confissão If I did it (Se eu tivesse feito) no qual o astro de futebol americano e eventual ator O.J. Simpson descreve como “supostamente” teria assassinado sua ex-mulher Nicole Brown e o namorado dela, Ronald Goldman, em 1994, em Los Angeles. A obra, que chegaria às bancas no dia 30 de novembro, foi condenada por grande parte do público americano e pelas famílias de Nicole e de Goldman. “Isso seria um insulto à família de Nicole e à minha”, disse Fred Goldman, pai de Ronald. Murdoch pediu desculpas publicamente. Em 1995, diante de milhares de telespectadores, em um julgamento histórico com um júri de maioria negra, Simpson jurou inocência e foi absolvido. Um ano e meio depois, outro júri de maioria branca condenou o jogador a pagar US$ 33,5 milhões às famílias de Nicole e Goldman. Elas nunca viram um tostão. Agora novamente o astro é centro de uma controvérsia. Ele teria levado entre US$ 2 milhões e US$ 3,5 milhões para contar sobre esse “hipótetico” assassinato. Para promover o livro, na véspera de seu lançamento, a emissora Fox iria transmitir uma entrevista gravada com o ex-jogador. Em depoimento à entrevistadora, a editora da ReganBooks, Judith Reagan, Simpson derrama lágrimas e diz: “Eu não posso fazer isso. Os meus filhos não podem ouvir isso.” A transmissão também foi cancelada porque os anunciantes da Fox chiaram. Na tentativa de justificar o tal empreendimento literário – até porque a idéia foi dela –, a editora Judith afirmou que foi vítima de violência e prefere estar cara-a-cara com o bandido. A desculpa não colou.