O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves, baixou na semana passada uma ordem que é coerente, mas que não deixa de ser oportunista. Câmara, Senado e Esplanada dos Ministérios funcionam sem Habite-se, documento oficial obrigatório que atesta a segurança de
um local. Isso acontece porque quando Brasília foi construída não havia tal obrigatoriedade, e aí ninguém mais se preocupou com o assunto mesmo depois que o Habite-se virou lei. Alves determinou então que apenas 1.770 visitantes poderão ir diariamente à Câmara (cerca de dez mil pessoas lá circulavam por dia) e nas galerias o número foi reduzido de 400 para 200 pessoas, devido à ausência de saídas de emergência. Sem dúvida alguma ele está certo em cuidar da segurança de quem pisa à Casa. Mas não é mera coincidência a questão de o Habite-se vir à tona no momento em que o povo aprendeu a habitar a Câmara e a impor sua vontade nas votações.