Para comemorar seus 60 anos, Batman vai deixar a parafernália da batcaverna e passará o mês de julho em São Paulo, descendo e subindo a rua Augusta a 120 por hora na sua batmoto. É que, a partir da quinta-feira 1º, o aniversário do Homem-Morcego começa a ser comemorado em duas exposições realizadas no eixo daquela rua que serviu de inspiração para a famosa música cantada nos anos 60 por Ronnie Cord. Batman, a trajetória, montada no Conjunto Nacional, traça um panorama da carreira do cruzado mascarado – dos gibi às telas – em 30 painéis fotográficos que trazem fatos, curiosidades, amigos, parceiros, arqui-rivais e colaboradores. Batman, a trajetória – a visão do artista brasileiro, em exibição no Museu da Imagem e do Som, além de filmes, desenhos, uma vitrine de produtos da marca Batman e workshops de roteiro, desenho e finalização em quadrinhos, reúne trabalhos sobre o personagem executados por cartunistas como Maurício de Sousa, Laerte e os irmãos Chico e Paulo Caruso. Entre os vários destaques, Zélio deu sua visão do herói desenhando a silhueta do morcego num guarda-chuva. No lado oposto, Paulo Caruso usou seu humor político para associar o mistério do personagem aos escândalos de Paulo César Farias, o ex-tesoureiro de Fernando Collor, numa Gotham City tropicalizada, mas não muito diferente da imaginada por Bob Kane.

O cartunista americano criou Batman quando tinha apenas 17 anos, em 1939. Preocupado com o sucesso alcançado por Superman, o diretor da revista em quadrinhos DC Comics chamou Kane de lado e encomendou um personagem capaz de enfrentá-lo. Depois de pedir US$ 1 mil semanais pela criação – à época ele ganhava US$ 25 –, o garoto foi para casa e, rabiscando sobre um desenho do próprio Superman, criou uma mistura de Zorro, o herói de duas identidades, e de um homem com asas inspirado num esboço de Leonardo Da Vinci. Detalhes como o capuz de olhos vazados, as luvas, os cenários gigantescos e mesmo alguns personagens acabaram sendo sugeridos pelo roteirista Bill Finger. A parceria com Robin aconteceu em 1940. Até abandonar a prancheta em 1967, Kane se viu às voltas com sua criação e tirou partido dela. Em entrevista dada pouco antes de morrer, no ano passado, ele afirmava que a repórter Vicky Vale, vivida nas telas por Kim Basinger, foi inspirada em ninguém menos que Marilyn Monroe, com quem teve um caso de semanas no final da década de 40. Quem diria, hein? Santa felicidade!