As toalhas de linho da artesã mineira Vaninha, de Carmo do Rio Claro, quem diria, vão parar nas lojas mais sofisticadas de Roma, Milão e Veneza. Isso se deve a uma das diversas iniciativas que estão colocando o artesanato brasileiro ao alcance de consumidores daqui e do Exterior. No sábado 19, um grupo de comerciantes italianos partiu de São Paulo, num ônibus, em direção à bucólica Carmo do Rio Claro. Lá, entre quitutes típicos, fogueira, quadrilha e quentão, eles fecharam o primeiro contrato de importação com a tecelagem Damas de Rosas, empresa de Silvani Soares Pereira, a Vaninha, 29 anos. Com 40 empregados, ela produz, desde os 11 anos, colchas, cortinas, toalhas e tapetes, em linho e algodão. "Foi um deslumbre, diz o industrial Roberto Beozzo, de Turim. "Já conhecia as peças dela, mas poder acompanhar o trabalho, de perto, e ainda participar de uma autêntica festa junina foi uma experiência riquíssima." O contrato faz parte de um projeto de intercâmbio entre o Brasil e a Itália, o Transformarte, que começa a exportar a produção brasileira em setembro. As primeiras vendas focalizam a tecelagem, sobretudo mineira. Serão vendidas cortinas da designer Luciana Gontijo, de Betim, tapetes feitos em tear manual da marca Ariadne e tecidos e xales do carioca Renato Imbroisi, que atualmente exporta também para o Japão. Outros tecelões, como Lídia Gomes Campelo, 78 anos, do Piauí, ocupam-se em aumentar sua produção para participar da segunda fase do projeto.

Para o comerciante Domenico Innella, o fato de a moda e a decoração italianas valorizarem matérias-primas rústicas torna a presença de tecidos brasileiros muito oportuna. Esse interesse cresce também aqui, onde os decoradores trocam as onipresentes peças de Bali por produtos da terra. O arquiteto João Armentano é um dos entusiastas dessa tendência. "Temos artistas incríveis", elogia. Com apoio do Sebrae um grupo de artesãos batizado Mão Gaúcha tem tratado de divulgar em todo o País e no Exterior produtos do Rio Grande do Sul, como puxadores de couro trançado e mantas de lã. A rede Tok & Stok, uma das pioneiras em vender em grande escala artesanato brasileiro, acaba de comprar toda a produção de pedra-sabão e cestaria dos integrantes do Núcleo de Criação de Ouro Preto.


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