No início, parece mais uma historieta americana de guerra, ação e aventura, com a diferença de que o pano de fundo não é mais o surrado Vietnã, mas a Guerra do Golfo, em que uma coalizão militar liderada pelos Estados Unidos obrigou o ditador iraquiano Saddam Hussein a sair do Kuait. Três reis (Three kings, Estados Unidos, 1999) – cartaz nacional a partir da sexta-feira 11 – se passa no Iraque, em março de 1991, pouco depois do cessar-fogo entre Bagdá e as forças da coalizão. Prestes a voltar para casa, os sargentos Troy Barlow (Mark Wahlberg) e Elgin (Ice Cube) e o soldado Conrad Vig (Spike Jonze) encontram com um prisioneiro iraquiano um mapa indicando o local onde estaria escondida uma fortuna em ouro do Kuait, roubada pelo Exército de Hussein. Entediados com o que fora até então uma guerra eletrônica da qual não participaram, os soldados resolvem procurar o tesouro, mas o major Archie Gates (George Clooney), das Forças Especiais, descobre o plano e assume o comando da empreitada.

Tornados desertores, os rapazes entram no Iraque se divertindo atirando em bolas de futebol americano cheias de explosivos. Mas o que parecia uma aventura vai se transformando num pesadelo à medida que a trupe penetra em território inimigo. Vêem-se às voltas com o drama da população xiita do Iraque – duramente perseguida por Saddam Hussein -, que recebeu os americanos como libertadores. Mas estes estão impedidos de ajudar os civis iraquianos, já que o então presidente George Bush os incitou a se levantar contra o regime, mas não moveu um só dedo quando foram massacrados pelo Exército do ditador. Afinal, a guerra foi feita para garantir o fluxo do petróleo, não para libertar países ou povos. Três reis tem muita ação, pitadas de humor e toques hollywoodianos. Mas, pelo menos, é um Tio Sam mirando um pouco além do próprio umbigo.