Uma velha piada brasileira conta que dois amigos estavam passando por uma cidadezinha e um deles disse: "Neste lugar só há prostitutas e jogadores de futebol." O segundo sujeito protestou: "Mas minha irmã mora aqui." O outro emendou de primeira: "É… me disseram que ela está batendo um bolão." Nos Estados Unidos, esta anedota não faria o menor sentido. Entre os americanos são as mulheres quem dominam o campo, com jogadas de fazer inveja até mesmo aos marmanjos do selecionado masculino brasileiro. E toda esta categoria está sendo entusiasticamente apreciada por multidões recordes na Copa do Mundo de futebol feminino, que começou no último dia 20 no Giants Stadium de Nova Jersey. As favoritas meninas ianques passaram fácil pelas dinamarquesas (3 x 0) no jogo de abertura do torneio. E as brasileiras, sempre bem cotadas nas casas de apostas, surraram as mexicanas com um placar de 7 x 0. Confirmou-se também no firmamento das estrelas do esporte a atacante americana Mia Hamm, já considerada uma espécie de Ronaldinho, só que com melhores quadris, mais jogo de cintura e o mais importante: faz muitos gols em Copa do Mundo.

No domingo de sol africano, multidões de garotinhas, levando os pais pelas mãos, lotaram o Giants Stadium naquele que foi o maior público para um evento esportivo feminino na história do país. Nada menos do que 79 mil pagantes viram o show de bola de Mia Hamm e suas parceiras. "Se a seleção americana for disputar o título, nós esperamos a quebra do recorde de público para a final no Rose Bowl, em Pasadena", disse Hank Steinbrecher, secretário-geral da Confederação de Futebol dos Estados Unidos. Os detentores do título de melhor bilheteria daquele estádio são Brasil e Itália, na Copa de 1994.

No lado das brasileiras, o grande destaque é a artilheira vascaína Pretinha – três gols na estréia contra as mexicanas. O problema é que a seleção americana é um time de sonhos, com um magnífico conjunto forjado por anos de união – a base vem da perene campeã Universidade da Carolina do Norte. Some-se a isso a presença de talentos fora de série. O mais espetacular é o da texana Hamm, 27 anos, que num jogo treino contra o Brasil fez seu 108° gol. Com isto, ela já é a maior recordista da história do futebol nos EUA. Seu talento também é responsável pela febre da torcida. Nada menos do que 7,5 milhões de mulheres e meninas americanas praticam o esporte. Atualmente, a sensual Hamm ajuda a vender material esportivo, desodorante, roupas, refrigerantes e até transmissão hidráulica para automóveis. Seu faturamento anual é de US$ 1 milhão e seu nome está sendo equiparado ao do super-herói Michael Jordan. Sobre os costados da camisa nove dos Estados Unidos, estão as esperanças da explosão do futebol feminino em todo o mundo. Esta Copa já é transmitida para 33 países via ESPN. "Se Mia Hamm e suas parceiras ganharem mais este título, os Estados Unidos vão virar o país do futebol. O Brasil que se cuide", alerta Steinbrecher.