A atriz carioca Claudia Ohana, 35 anos, começou o ano na contramão da maioria das mulheres. Diariamente tem comido quantidades consideráveis de geléia de mocotó e tomado porções generosas de sorvete. Sem falar nas suas famosas sobrancelhas, que foram reduzidas quase à metade. Mas tanto a dieta herética quanto o retoque radical numa de suas marcas registradas de beleza não a incomodam. Claudia Ohana está preocupada em se aproximar o melhor possível do perfil voluptuoso de sua mais nova personagem, a divertidíssima prostituta Antonia, da minissérie global A muralha, sem dúvida, até o momento seu melhor papel. O esforço glutão, no entanto, só resultou na soma de mísero quilo e meio aos seus habituais 45, muito bem distribuídos em 1,60m. Para quem a vê na telinha pouco importa. Claudia tem provocado muito riso, fato quase inédito na sua trajetória. No teatro já atuou na comédia Desgraças de uma criança, mas na televisão é a primeira vez que veste um papel cômico. "É mais fácil fazer chorar do que rir", confessa ela, cujo desempenho tem recebido aplausos de colegas, amigos e principalmente do público que, guloso, a acompanha na ótima trama assinada por Maria Adelaide Amaral, baseada em romance de Dinah Silveira de Queiroz.

Pedro Paulo Rangel, um de seus parceiros de cena e não menos divertido na pele de Davidão, endossa a carreata de elogios. "Humor é ritmo, e Claudia tem o timing da comédia." O ex-marido e diretor de cinema Ruy Guerra, com quem teve a filha Dandara, aos 19 anos, sempre achou que ela levava jeito neste quesito. "É um novo olhar sobre suas potencialidades", ressalta. As situações em que exerce seu humor chegam ao auge com as reações diante do assédio que sofre de Davidão, Bento Coutinho (Caco Ciocler), Bartolomeu (Cecil Thiré), Cristóvão (Sérgio Mamberti) e Gonçalo (Edwin Luisi). Este último já riu muito durante as gravações porque, assim como Claudia, usa aparelhos nos dentes e muitas vezes, por causa das "geringonças", os dois acabam atrasando o início das cenas. "Ela está na medida certa", diz ele.

Risos
Já Ciocler, um tipo meio cafajeste na minissérie, provoca suspiros de amor não correspondido. O clima dramático, porém, chegou a beirar a piada durante as gravações. Houve uma cena, que nem pôde ir ao ar, em que Bento Coutinho traduzia do idioma tupi a receita de uma marmelada feita por uma índia. Os dois não conseguiam parar de rir. "Claudia tem riso frouxo", lembra o ator. No final, Antonia vai acabar optando pelo Davidão. A atriz se diverte com toda esta corte. O mais irônico é que a moça vive um momento exatamente ao contrário em sua vida pessoal. Acaba de se separar de José Alvarenga, que dirigiu o seriado Mulher, contabilizando seis ou sete homens com quem já dividiu o teto. Sempre foi muito casamenteira e faz força para valorizar as vantagens de ficar solteira, como ter mais tempo para a filha e os amigos.

Sua relação com Dandara, 16 anos, é uma espécie de resgate do passado familiar complicado. São muito amigas e a casa no Jardim Botânico vive cheia de adolescentes. "Só é ruim porque não dá para pegar um copo d’água de calcinha." Claudia acha a filha parecida com ela, embora a considere mais bonita. Na educação, faz o gênero liberal. Prefere ver Dandara dormindo com os namorados em casa do que na rua. La Ohana sempre riu da vida e até de seus dramas pessoais. Hoje, segura, fala fluentemente inglês, francês, italiano e arranha espanhol e alemão. Canta, dança e além de atuar há cinco anos dedica-se à pintura figurativa. Sua ambição maior, porém, é escrever roteiros e dirigir filmes. "Só não me vejo fazendo plástica e representando papel de avó." Por enquanto, nem é necessário o temor.


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