Arecente aprovação de medidas para reduzir a violência contra a mulher na Itália não impediu que o destino da brasileira Marília Rodrigues Silva Martins fosse trágico. A jovem de 29 anos, descrita como doce e vaidosa por quem a conhecia, apareceu morta na cidade de Gambara, no norte da Itália. O principal suspeito é Claudio Grigoletto, seu namorado e chefe, que era o pai da criança, comprovado por teste de DNA. Ele mentiu para todos sobre seu verdadeiro estado civil, segundo disse a irmã da vítima, Luciana, à ISTOÉ. “Ele tomou a iniciativa de fazer contato com nossa família e disse que minha irmã era a mulher da vida dele e que estavam muito felizes com a gravidez. Dizia que era divorciado”, contou. Mas Grigoletto é casado e pai de duas meninas. A polícia suspeita que ele teria assassinado Marília na quinta-feira 29, esganando-a e entornando ácido muriático em sua boca, para forjar suicídio. Quem cometeu o crime também arrebentou um cano de gás para provocar uma explosão que apagasse rastros.

chamada.jpg
MENTIRA
Claudio e Marília: segundo a família dela, ele omitia que era casado e tinha duas filhas

Encontrada morta um dia depois, Marília comove a Itália pelo tamanho da crueldade da qual foi vítima. Grigoletto, 32 anos, está preso. Ele é piloto e um dos donos da empresa Alpi Aviation do Brasil, da qual a brasileira era sócia minoritária e onde trabalhava como intérprete, e foi o último a vê-la com vida no escritório. Há uma série de indícios contra ele: em sua casa foi encontrado o recibo da compra de ácido horas antes do encontro; em seu carro, havia sangue da brasileira; e no seu rosto, marcas de arranhões. O italiano confirmou o relacionamento, mas disse que estava voando no momento do crime. “Este homem não serve como ser humano. Tem que ser afastado da sociedade”, disse Fernando Martins, tio da vítima e promotor em Uberlândia, à ISTOÉ. “É um psicopata! Cuidou da Marília enquanto ela esteve internada devido a enjoos”, argumenta Luciana, frisando que ela “nunca seria amante” de ninguém. Marília tem sido tratada pela imprensa local como “amante”.

MARILIA-02-2286.jpg
INVESTIGAÇÃO
A polícia italiana acredita que ele esganou a jovem
e entornou ácido em sua boca, para simular suicídio

A jovem se mudou com a mãe para a Itália aos 14 anos. Estudou turismo no país, trabalhou cinco anos como comissária de bordo e, em janeiro, foi contratada por Grigoletto. “Ela planejava voltar para o Brasil para abrir um negócio próprio”, conta o amigo Rodney Canoy, que mora em Uberlândia. Em Gambara, município de 4.740 habitantes, Marília levava vida discreta, tinha poucos amigos, morava em hotéis e não raro pernoitava em um sofá do escritório. Antes da gravidez, gostava de sair à noite e de dançar. O corpo de Marília deverá chegar ao Brasil na sexta-feira 13.