A demissão de João Batista Campelo do cargo de diretor da Polícia Federal, na sexta-feira 18, dia do aniversário do presidente, foi o último estrago de uma semana pródiga em prejuízos para a loja de cristais em que se transformou o governo de Fernando Henrique Cardoso. Para constrangimento de FHC, o delegado, que durou vexatórias 72 horas no cargo, foi abatido por uma saraivada de denúncias que o colocavam como protagonista de atos de tortura durante o regime militar.

Aos brasileiros comuns, distantes do Palácio do Planalto, surpreende a importância que tem o cargo de chefe de polícia. Depois que seu antigo ocupante foi ejetado da cadeira pela divulgação, na revista Carta Capital, de gravações em que se gabava de ter o presidente da República na mão, foram necessários 102 dias para a substituição. Digamos que tempo razoavelmente suficiente para se encontrar nome um pouco menos problemático.

Mas, se a queda do xerife provocou constrangimentos, o que dizer então da performance do presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães? O senador promoveu considerável destruição nas prateleiras da loja de cristais do presidente. A semana começou com ACM investindo como um tanque contra o presidente da Câmara, Michel Temer, o que provocou uma troca de mimos de causar inveja a sérvios e albaneses. Alternando alvos, ACM deslocou sua força em direção ao Supremo Tribunal Federal, que ousou retocar decisões da CPI dos Bancos, uma de suas mais diletas criações.

Mais estridente que a mercadoria se estilhaçando, foi o silêncio do dono da loja que, na tranquilidade da restinga da Marambaia, no Rio de Janeiro, comemorava seus 68 anos.