Foi com um abraço apertado e um largo sorriso que o presidente da Petrobras, Henri Philippe Reichstul, se despediu do secretário-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), David Zylbersztajn, na terça-feira 15, no Hotel Sheraton, no Rio, após o leilão de áreas de exploração de petróleo. Motivo: 45 anos depois da criação da Petrobras, estava definitivamente quebrado o monopólio da exploração. Apenas 12 das 27 áreas licitadas foram arrematadas, mas o leilão arrecadou R$ 321 milhões e atraiu algumas das maiores empresas do mundo no ramo, como Exxon, Agip e YFP. Pode parecer contraditório, mas a grande estrela, no entanto, foi a Petrobras, vitoriosa em cinco áreas, duas delas na bacia de Campos. "E ainda pagamos pouco", comemorou Reichstul, referindo-se aos R$ 15,046 milhões dispendidos. Zylbersztajn também festejou, mas não escondeu a surpresa com a falta de interessados no segundo dia de leilão. "A Petrobras ganhou cinco áreas porque teve competência. Os outros é que foram frouxos".

O que importa é que a performance da Petrobras foi sintomática. O gigante estatal petrolífero não é mais o mesmo. A mudança começou em março, com a posse do novo conselho de administração. Desde que Reichstul assumiu, muita coisa mudou. Ele mesmo já é um retrato da modernidade dentro da Petrobras. Ao contrário dos 30 antecessores, veio do mercado financeiro. Na empresa, houve um enxugamento e, dentro de 90 dias, deverá ser anunciado um plano estratégico. A preocupação é que, com a quebra gradual do monopólio, ela passe a ser mais uma em meio às dez empresas que vão explorar o setor. Na essência, a Petrobras continua estatal, mas no dia-a-dia terá de agir como empresa privada. "Ou ela se torna ágil ou vai sucumbir à livre concorrência", avalia o analista Jean-Paul Prates, da Expetro Consultoria. Falta muita coisa, como acabar com a defasagem salarial do corpo técnico, evitando o risco de perder bons profissionais para o mercado. Na linha de arrumar a casa, Reichstul chamou um ex-executivo do Banco ABN Amro, Ronnie Vaz Moreira, para cuidar da diretoria financeira. O primeiro desafio de Moreira é coordenar uma emissão de papéis nos Estados Unidos, e que pode captar até US$ 1 bilhão.