E a vingança dos cantores de chuveiro. A nova mania nacional é se exibir em frente à telinha de videokê – uma versão high tech do karaokê, aparelho sul-coreano que foi febre nos anos 80. Agora, o equipamento se sofisticou. Basta colocar um cartucho com a música predileta que a letra aparece saltitando na tela de televisão. A máquina indica o compasso do verso, iluminando as palavras. No final, o candidato a cantor ganha uma nota e frases de incentivo como "tente com mais ânimo" ou "você é cantor profissional". A curtição ganhou adeptos em vários cantos do País. Invadiu bares, restaurantes e até a televisão, com um quadro no Domingão do Faustão. Neste verão, os aparelhos lotam o litoral paulista e carioca. Também animaram as noites de Florianópolis, Salvador e até das praias gaúchas.

O melhor de tudo é que não só cantores anônimos estão aderindo ao videokê. No Rio de Janeiro, globais podem ser vistos soltando a voz nos bares ao redor da Lagoa. Uma delas é a atriz Suzana Werner. Ela costuma dar shows no videokê do bar Rapsody, mas também curte reunir os amigos para cantar em casa. "Comprei um aparelho na Itália há dois anos. É uma delícia. A gente fica cantando até altas horas", conta ela.

Em São Paulo, o videokê não só invadiu a noite como também se tornou um meio de fazer amigos. É o que acontece com o casal Rogério Marin Casagrande, 30 anos, e Fabiana Regina da Silva, 21. "Vamos tanto a um bar que já temos um círculo de amizade por lá", diz Rogério. "No começo, éramos tímidos, mas soltamos a voz e agora dizem que cantamos bem", conta ele. Frequentadores assíduos do Magamalabares, no bairro de Pinheiros – onde também costumam aparecer os jogadores Paulo Nunes e Euler, o ator Eri Johson e modelos da Ford -, o casal desenvolveu um método: eles treinam determinada música quando a casa está vazia para não fazer feio nos dias lotados. "Gostaríamos de ser cantores profissionais", admitem. Como eles, muitos dos videokê-maníacos sonham com um palco de verdade. Mas, na vida real, a história fica mesmo na diversão. "Tem muita gente que se surpreende quando sobe no palco, mas os talentosos são raros", constata Janaina de Almeida Xavier, uma das proprietárias do bar.

Quem gosta de cantar, mas ainda fica um pouco tímido para encarar o público, encontra outras opções na noite paulistana. Em alguns bares, o microfone vai até a mesa do cliente, como no Ópera Lis. Já no Videokê Club, é possível alugar salas para sessões privê de cantoria. Nos mais sofisticados, existe um serviço de gravação em CD. Quem adora souvenirs pode registrar a voz na bolachinha prateada e exibir para os amigos desembolsando entre R$ 50 e R$ 300, dependendo do bar.

A mania do videokê é tamanha que saiu dos bares, invadiu os lares e contaminou várias gerações. Na família de Selma Panazzo, 42 anos, a cantoria é levada a sério. Um concurso de duplas combina afinados e desafinados em busca da melhor pontuação. "Fazemos uma série com cinco músicas, selecionadas automaticamente pelo aparelho", conta Selma, que presenteou a família com o aparelho no último Natal. "A euforia foi tanta que o pessoal ligou na televisão e cantou a noite inteira", relembra. Pelo visto a moçada definitivamente redescobriu a sabedoria do dito "quem canta seus males espanta". Se depender da cantoria…

Fora do chuveiro

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O aparelho de videokê é comercializado pela Raf Eletronics e custa em torno de R$ 1.500. Mas existem opções além desse que fica plugado à tela de tevê. Há ainda softwares disponíveis gratuitamente na Internet que utilizam a extensão Midi. No site www.eatsleepmusic.com, da Vorton Technologies, o internauta pode fazer o download gratuito de um demo ou encomendar programas como o Soft Karaoke, que custa cerca de R$ 100. As músicas também podem ser compradas no site. Quem tem aparelho de DVD pode comprar os discos de videokê, que variam entre R$ 40 e R$ 100, em sites como o www.amazon.com. Mas é bom ficar atento, porque esses CDs ainda não são distribuídos no Brasil e eles só funcionam em aparelhos importados dos EUA ou do tipo multiárea.

Outros aparelhos, como o The Swing Machine, da Panasonic, podem ser encontrados no Exterior por aproximadamente R$ 500. A única desvantagem é que os CDs de karaokê só têm músicas internacionais.


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