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O presidente americano, Barack Obama, está prestes a se tornar o primeiro líder do país em mais de três décadas a ordenar um ataque a outra nação sem contar com apoio internacional ou agir diretamente na defesa de cidadãos americanos. Desde 1983, quando Ronald Reagan ordenou a invasão à ilha caribenha de Granada, os Estados Unidos jamais estiveram tão sozinhos na busca por uma ação militar no exterior.

No sábado, Obama anunciou em um pronunciamento a intenção dos Estados Unidos de lançar um ataque na Síria, mas ressaltou que buscaria apoio do Congresso americano. A expectativa é que a intervenção se limite a ataques aéreos, provavelmente com mísseis Tomahawk, como punição pelo fato de o regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, pela utilização de armas químicas na guerra civil de seu país.

Um ataque americano à Síria consumaria a mudança de posição de Obama. Quando candidato, ele afirmou que o presidente "não tem o poder sob a Constituição de autorizar unilateralmente um ataque militar em uma situação que não envolve interromper uma real ou iminente ameaça à nação". No entanto, desde o ano passado Obama já anunciava que a confirmação de que o regime sírio de Bashar al-Assad usou armas químicas contra civis na guerra do país representaria uma "linha vermelha" que provocaria uma resposta americana.

Apesar de ter sido visto como um passo atrás pela oposição síria, que esperava o anúncio de uma ofensiva imediata contra o regime de Assad, o anúncio de Obama gerou controvérsia na comunidade internacional, especialmente pela expectativa de que se trate de uma intervenção unilateral sem o respaldo da ONU.

O esperado apoio britânico evaporou na quinta-feira passada quanto o Parlamento local negou ao governo de Londres a possibilidade de se envolver em uma ação militar na Síria.

Diferentemente do Reino Unido, o presidente francês, François Hollande, não precisa do apoio dos parlamentares para participar da ação militar, mas a crescente rejeição da opinião pública aumenta a pressão para o governo repensar esta posição. Ministros da França, único país além dos EUA a apoiar abertamente uma intervenção militar, devem se reunir com o Parlamento local para mostrar um relatório sobre o uso de armas químicas por parte do regime Assad.

Enquanto isso, a Rússia afirma que as evidências apresentadas pelos EUA são "absolutamente não convicentes" e exige que informações concretas e específicas sejam divulgadas. Na mesma linha está a China, que oficialmente se opõe a uma intervenção unilateral americana no conflito. Os dois países têm o direito de voto no Conselho de Segurança e já anunciaram em diversas oportunidades que votarão contra uma invervenção internacional na Síria.

Nesta segunda-feira, o secretário-geral daLiga Árabe, Nabil al Araby, se disse favorável a uma intervenção na Síria, mas defendeu que a operação tenha aval da ONU. "Qualquer ato para enfrentar ou castigar o regime sírio deve ocorrer no marco dos acordos da ONU, sobretudo porque os tratados de Genebra e das Nações Unidas criminalizam o uso de armas químicas nos conflitos armados", disse Araby em entrevista coletiva.

Também a favor de uma intervenção na Síria está a Austrália, mas o apoio, até o momento, limita-se a um endosso oficial, não uma assistência militar. Já o primeiro-ministro da Nova Zelândia, John Key, diz que seu país precisa de mais informações antes de se posicionar.

Na Alemanha, tanto a chanceler Angela Merkel como seu principal adversários na próxima eleição, marcada para 22 de setembro, afirmaram que não levarão o país para a intervenção. Merkel diz que é "preciso haver uma resposta coletiva da ONU" ao uso de armas químicas na Síria.