Completou-se na quarta-feira 28 meio século da “Marcha sobre Washington”, na qual Martin Luther King Jr. proferiu seu célebre discurso “I have a dream”. Cerca de 300 mil pessoas o aplaudiram e estima-se que houvesse um branco para cada cinco negros. Na semana passada, o presidente Barack Obama homenageou Luther King discursando no mesmo local. O público foi bem menor, com cerca de 100 mil pessoas, e calculou-se um branco para cada dez afro-americanos. É fato que a segregação nos EUA de Obama não é a senzala dos tempos de Luther King. Mas há muito chão pela frente, e Obama guiou a sua fala para a economia: “Todos têm direito à prosperidade”. Os números deram tom à voz: em 1963 o índice de desemprego era de 5% entre os brancos e de 10,9% entre os negros, hoje é de 6,6% para os brancos e de 14% para os negros – a disparidade se manteve. E 40% da população carcerária é de afro-americanos. “O sistema judicial não pode ser um canal ligando falta de escolas a cadeias lotadas”, disse.