Foi uma semana de vergonha nacional! Uma presepada diplomática, que resultou na fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina para o Brasil, com a ajuda direta de nossa chancelaria, colocou o País numa situação de constrangimento diante do mundo. Ato contínuo, a classe médica deu um show de faniquitos, extrapolando todos os limites, ao receber colegas cubanos com cusparadas, palavras racistas e protestos de toda ordem, numa demonstração de xenofobia explícita – algo completamente fora de qualquer padrão razoável de reação, independentemente dos motivos que tenham movimentado essa turma. Coroando a série, numa noite de infâmia, nossos nobres parlamentares impediram, na quarta-feira 28, que o deputado Natan Donadon, de Roraima, fosse cassado. Mantiveram o mandato dele, mesmo se tratando do primeiro congressista preso no País desde a redemocratização. Donadon havia sido condenado a 13 anos de reclusão pelo Supremo Tribunal Federal, em última instância, acusado de corrupção ao desviar R$ 8,4 milhões da Assembleia. Com seus direitos políticos assegurados, há de se ter nessas paragens a única democracia do mundo com um político exercendo o papel de representante do povo por detrás das grades. E o que é pior: podendo inclusive legislar, votar leis e medidas provisórias, através de seu preposto, o suplente Amir Lando. A decisão surreal é uma atitude de patota que desafia o Judiciário, ultraja o povo brasileiro e foi feita de maneira covarde, protegida pela abjeta prerrogativa do voto secreto.

No que se refere aos médicos, imaginar que a classe de doutores bem formados, e informados, parta para a segregação de profissionais do mesmo ramo, tal qual um apartheid, levados por objetivos corporativistas – tentando garantir reserva de mercado –, é inadmissível e injustificável sobre qualquer aspecto. Ao praticar a afronta de xingamento e ataque aos seus pares, a categoria perdeu a razão, o senso ético e qualquer noção de dever humanitário. Os cubanos que por aqui desembarcaram deverão prestar atendimento nos rincões do País, aonde nossos médicos não querem ir, mesmo em troca de altas remunerações. Médicos, políticos e diplomatas se somaram na semana passada na exposição do que há de pior. O Brasil não merecia esse festival de insultos!