Desde sua primeira edição, em 2011, a feira de arte contemporânea ArtRio explora a grandiosidade da paisagem na qual está inserida: a estonteante vista da Baía de Guanabara, vista do Píer Mauá. Este ano não será diferente. A monumentalidade do Rio de Janeiro serviu de inspiração para o programa LUPA, exposição de esculturas em grande escala, com curadoria da iraniana Abaseh Mirvali (foto). O projeto traz esculturas de James Turrell, Artur Lescher, Hélio Oiticica, Daniel Steegmann, Ana Roldán e Amilcar de Castro, entre outros, e ficará em cartaz no Armazém 4 da ArtRio entre 5 e 8 de setembro. Em sua terceira edição, o evento internacional reúne galerias de 13 países.

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Quais são os principais conceitos envolvidos na curadoria do programa LUPA na ArtRio?
Abaseh Mirvali – 
O conceito curatorial vislumbrado para o LUPA tem múltiplas facetas. Por um lado, é inspirado no local de tirar o fôlego onde será realizado, no Píer Mauá. Além disso, essa seção é profundamente inspirada por todas as imagens visuais e expectativas que perpassam nossa mente quando pensamos no Rio de Janeiro com sua energia, paisagem, sons e pessoas maravilhosas. Minha intenção com os trabalhos apresentados é tentar reconhecer, analisar, reinventar e explorar as implicações sociológicas e culturais desse rico cenário. Há também um foco em jogar com as estruturas. A montagem de LUPA presta-se a um rico diálogo com as linhas, os espaços e as formas da arquitetura brasileira, e mais especificamente com as interessantes construções pós-modernistas, que povoam o Brasil e são, ao mesmo tempo, abstratas e esculturais.

Por que trabalhar com escala monumental?
Quando Brenda Valansi e João Paulo Siqueira me convidaram para esse projeto, fiquei realmente empolgada com seu foco em escultura. Passei a apreciar a escultura de modo mais amplo e estou aberta às suas mais diversas interpretações e manifestações. Pensar em como a escultura pode ocupar um espaço, brincar com o som e a luz e dialogar com a arquitetura. Com um projeto desta natureza é possível ter uma abordagem mais holística e jogar com o contexto e o espaço, permitindo que os projetos selecionados apresentem diferentes leituras e convidando o espectador a criar com eles uma nova relação. Monumental, para mim, é a medida do impacto, e não do tamanho.