Ao abaixar das cortinas de um concerto da histórica banda inglesa punk The Sex Pistols, em San Francisco, o vocalista Johnny Rotten disse na maior cara-de-pau para uma platéia de cinco mil pessoas: “Há! Há! Há! Vocês não sacaram nada, foram todos enganados. Boa noite.” Era janeiro de 1978 e a atitude marcou o fim do grupo e de um período que colocou o rock e a indústria fonográfica de ponta cabeça. Em menos de dois anos e meio, os Sex Pistols causaram incidentes, escândalos e muito barulho. Claro que Rotten, Steve Jones (guitarra), Paul Cook (bateria) e Glen Matlock – que foi apagado da história punk com sua substituição no baixo pelo quase inverossímil Sid Vicious – não pretendiam atingir nenhum olimpo a não ser os alto-falantes do mundo para espalhar a descrença em tudo. “Não existe futuro para você, não existe futuro para mim” era o bordão da banda que achincalhou com a rainha da Inglaterra e foi demitida de duas gravadoras multinacionais.
Na sua curta carreira houve apenas um disco original, o demolidor Never mind the bollocks – here’s The Sex Pistols, testamento do movimento punk impulsionado pela banda. The great rock’n’roll swindle pode ser considerado um segundo trabalho. É um álbum duplo póstumo, com faixas e brincadeiras feitas em situações diversas, tiradas da trilha sonora do filme homônimo, dirigido por Julien Temple. O mesmo cineasta fez outro documentário inédito no Brasil sobre os Pistols, The filth and the fury, e dele extraiu dois CDS, misturando 18 canções da banda e mais um punhado de hits dos anos 70 que formam um ótimo painel daquele som. O título não poderia ser mais apropriado: O lixo e a fúria.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias