26/08/2013 - 20:18
O Palácio do Planalto divulgou nesta segunda-feira que aceitou o pedido de demissão do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. Desgastado pela crise diplomática desencadeada pela fuga de um senador boliviano ao Brasil, Patriota será substituído por Luiz Alberto Figueiredo, representante do Brasil junto à ONU. Em nota, a Presidência afirmou que Dilma agradeceu a "dedicação e o empenho" de Patriota nos últimos dois anos em que ocupou o cargo, e informou que a presidente indicou-o para assumir a missão brasileira na ONU.
O troca-troca ficou definido no início da noite desta segunda-feira, depois que Patriota esteve renido com a presidente Dilma Rousseff para trazer esclarecimentos a respeito do senador boliviano Roger Pinto Molina, 53 anos, que cruzou a fronteira do Brasil no último sábado, ajudado pelo diplomata Eduardo Saboia.
Oposicionista ao governo Evo Morales, Molina vivia desde 8 de junho de 2012 como asilado na embaixada brasileira na Bolívia, sob alegação de perseguição política. O país vizinho afirma que Molina pediu o asilo para deixar de responder na Justiça a crimes de danos econômicos ao Estado.
Saboia, que estava interinamente à frente dos assuntos da embaixada, chegou ao Itamaraty nesta segunda-feira para dar explicações. O Ministério das Relações Exteriores não confirmou, no entanto, se Patriota chegou a conversar com o diplomata. A pasta se limitou a informar que o chanceler deixou as dependências do Itamaraty para dar esclarecimentos à presidente.
Fuga de senador
Com ajuda de brasileiros, Molina deixou La Paz de carro e seguiu até Corumbá, em Mato Grosso do Sul, onde pegou um avião para se deslocar até o aeroporto de Brasília. A ajuda com o avião particular partiu do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado.
Depois de divulgada a operação secreta para transportar o boliviano, o Itamaraty publicou uma nota informando que abriria inquérito para investigar o episódio e tomaria medidas disciplinares cabíveis.