O senador Élcio Álvares não é mais ministro da Defesa. Antes dele, o último civil a ocupar o Ministério foi o engenheiro João Pandiá Calógeras. Faz muito tempo. Ele foi o ministro do presidente Epitácio Pessoa de 1919 a 1922. Historiador e deputado em várias legislaturas, sua passagem pelo então Ministério da Guerra foi brilhante. Em 1920, trouxe ao Brasil uma missão militar francesa que assentou as bases da modernização do Exército brasileiro. Calógeras reestruturou o Estado-Maior, aplicou a obrigatoriedade do serviço militar, ampliou os efetivos, renovou o armamento e profissionalizou o ensino militar. E teve ainda o pulso para mandar prender um ex-ministro da Guerra e ex-presidente da República, o marechal Hermes da Fonseca, por indisciplina, além de sufocar a rebelião tenentista que ficaria conhecida como Os dezoito do Forte de Copacabana. Uma performance bem diferente da de Élcio Álvares, que, depois de mais de três meses de embaraçosa agonia, foi demitido pelo presidente da República. Agonia que poderia ter sido abreviada já no aparecimento da primeira denúncia de envolvimento com o crime organizado no Espírito Santo, publicada aqui em ISTOÉ pelo jornalista Andrei Meireles. Tivesse ele entregue seu cargo naquele momento, livraria o presidente do constrangimento. Outras chances teve quando seus assessores e ex-sócios eram implicados com a chocante promiscuidade do crime organizado no Espírito Santo. Passou pelo desconforto de ouvir de um subordinado seu, o ex-comandante da Aeronáutica, lições sobre a probidade do homem público. Faltou-lhe o pulso de Calógeras. Finalmente, passou pelo estratégico desconforto de, em meio às lágrimas, disparar petardos contra dois colegas seus no Ministério em entrevista à revista Época. Para o atento jornalista da Folha de S. Paulo, Fernando Rodrigues, “é irônico e revelador que Álvares tenha sido derrubado porque chorou, entre outros motivos. É irônico porque as reportagens de Andrei Meireles, da ISTOÉ, eram mais do que suficientes para o afastamento do ministro”.