Até parece que o céu literalmente desabou sobre a cabeça dos espanhóis. Por dez dias, pedras de gelo pesando até quatro quilos despencaram sobre algumas regiões do Sul daquele país. Embora ainda não tenham certeza, cientistas espanhóis acreditam em um raro efeito meteorológico. Inicialmente, chegou-se a pensar que poderiam ser dejetos expelidos de aviões – não seria a primeira vez que fezes humanas misturadas com água do esgoto de aeronaves a jato escapam e congelam ao entrar em contato com as baixíssimas temperaturas (até 70ºC abaixo de zero) que existem a 11 mil metros de altura. Mas a quantidade e a composição das pedras descartaram essa possibilidade.

Restos de algum cometa? Não, segundo os cientistas. A dispersão e a forma dos aerólitos (como os espanhóis os estão chamando) derrubaram essa hipótese. Além do que, o forte atrito que um cometa sofre ao cruzar a atmosfera acaba derretendo quase todo o gelo que possa existir em torno dele. Restou, portanto, a chance de ser resultado de condições meteorológicas bastante raras, como chuvas de portentosos granizos – até hoje, o recorde pertencia aos russos da Sibéria, que recolheram em 1960 um granizo de um quilo e 900 gramas.

A esperança dos cientistas espanhóis é a de que análises químicas feitas nessas pedras esclareçam melhor sua origem. Eles recolheram 15 pedras, com o tamanho médio de uma bola de basquete. "A pessoa mais chocada com todo esse fenômeno sou eu", admitiu o geólogo Jesus Martinez Frias, que está liderando o grupo de especialistas convocados para estudar o fato extraordinário.

Desde que as tevês mostraram, no dia 10, a imagem de um carro destroçado pelo impacto de uma pedra de gelo de quatro quilos, pipocaram por todo o país informes de vários casos de destruição causada por aerólitos. Não há notícia de ninguém que tenha sido atingido pessoalmente por uma das pedras. Constatou-se, porém, que alguns casos foram forjados em busca de notoriedade – um rapaz jogou do alto de um prédio um bloco de gelo trazido de uma serra próxima a Madri. Houve até quem se fantasiasse de extraterrestre para impressionar os vizinhos.

Outra suposta ameaça celeste foi motivo de polêmica durante a semana, desta vez na Grã-Bretanha. Cientistas da Universidade de Cardiff estão tentando defender uma teoria sobre a origem da gripe australiana que assola a Europa e os EUA. Eles acham que ela não começou com a transmissão do vírus influenza entre os homens e, sim, por uma chuva de poeira cósmica que teria caído sobre a Terra. Segundo o coordenador do estudo, professor Chandra Wickramasinghe, essa poeira teria sido formada por cometas que atingiram o planeta trazendo um vírus extraterrestre ou o seu DNA. Coincidência ou não, o fato é que durante a gripe espanhola, que em 1918 matou mais de 20 milhões de pessoas, uma chuva de poeira cósmica também havia atingido a Terra. Essa explicação, porém, não convence médicos brasileiros. "Isso não tem o menor fundamento. É apenas um bom motivo para rir", desdenha o infectologista paulista André Lomar.

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