A febre amarela assombra o Brasil. Até quinta-feira 20, eram cinco casos no País registrados somente este ano. Na fila de suspeitos, apenas em São Paulo havia 15 pessoas. Números tão expressivos causaram corrida pela vacina contra a doença. Em São Paulo, por exemplo, foram distribuídas este ano 500 mil doses, quatro vezes mais do que o normal.

O governo não considera a situação alarmante, já que os casos registrados são de febre amarela silvestre. Os infectados estiveram em re-giões onde vivem os macacos reservatórios do vírus transmissor da doença. Na avaliação das autoridades, há poucas chances de a febre amarela urbana ressurgir. "Em geral, quando a pessoa infectada chega à cidade não tem mais o vírus no sangue. Por isso, mesmo se o Aedes aegypti picá-lo, não vai transmiti-lo", explica Luiz Jacintho da Silva, superintendente da Sucen de São Paulo. Por esse motivo, não haverá vacinação em massa.

No entanto, há especialistas apreensivos. "O risco de a doença se alastrar existe porque a maior parte dos centros urbanos têm focos do Aedes aegypti", afirma Marcos Boulos, do Hospital das Clínicas de São Paulo. De fato, segundo o Ministério da Saúde, 64% das 5.507 cidades brasileiras têm focos do mosquito. "Tenho medo dos casos que estão chegando e não apresentam sintomas. Eles podem transmitir o vírus e não estão sendo vigiados", completa Boulos. Quando se leva em conta que os casos de febre amarela mais que dobraram entre 1998 e 1999, passando de 34 para 70, a preocupação fica maior. Segundo o governo, porém, o aumento se deveu ao aperfeiçoamento do controle de casos e ao pico da ocorrência da doença em macacos, no ano passado.