Esporte, natureza e história. É possível juntar tudo praticando uma única atividade: a caminhada. Foi exatamente pa-ra provar isso que o consultor de turismo José Raphael Olivé de Souza, 39 anos, desenterrou a velha Estrada Real, que no século passado ligava a região mineradora de Minas Gerais ao porto no Rio de Janeiro. Depois de reinaugurar pessoalmente a estrada, Raphael resolveu mostrar para o Brasil que não é preciso ir até Santiago de Compostela para andar, admirar e aprender. O Guia Estrada Real que acaba de ser lançado abre o caminho para quem está minimamente em forma e curte a idéia de colocar a mochila nas costas e seguir os passos dos bandeirantes. “Quando fiz o percurso de Santiago em 1994 achei maravilhoso viajar a pé e com a segurança de ter um guia na mão. Quando voltei só conseguia pensar que o Brasil com esse tamanho todo deveria ter bastante roteiros para serem explorados”, conta Raphael, que depois de pesquisar escolheu retraçar o caminho da Estrada Real. O trecho que vai do Rio de Janeiro a Juiz de Fora é o primeiro da série e vem em uma embalagem impermeável totalmente adaptada ao caminhante.

No entanto, esse tipo de guia não é o único no Brasil. No Caminhos da aventura, de Sérgio Beck, os apaixonados por andanças também podem encontrar algumas opções de percurso, só que mais convencionais. Entre eles, chapadas e serras no Paraná, em São Paulo, Rio e Minas. A diferença é que o Guia Estrada Real não traz apenas as rotas a serem percorridas. Nele podem ser encontradas desde dicas de onde dormir e o que levar até como agir quando encontrar um cachorro. Uma parte é dedicada às mulheres. E traz informações que ajudam as moçoilas. Entre elas, a dica para colocar a vaidade de lado e deixar o creme para os pés em casa. Para aguentar o percurso tem de ficar com a pele grossa.

Quem está entusiasmado com a idéia de cair na estrada pode encontrar todo material necessário para caminhadas nas mais diversas lojas especializadas em trekking. Na loja Half Dome, por exemplo, um kit para caminhadas com bota, mochila e sleeping bag custa entre R$ 430 e R$ 1.500. Mas se você pretende fazer os percursos da Estrada Real não é obrigatório usar material profissional. Basta ter bom senso e levar apenas o essencial, evitando pesadelos nos 18 quilômetros da serra de Petrópolis, onde os mochileiros mais carregados costumam se arrepender.

Para o assessor da secretaria de Desenvolvimento de Juiz de Fora, Bernardo Ribeiro, 44 anos, adepto das caminhadas, o melhor é vencer os próprios limites. “Não é apenas passeio. O caminho exige muito. E a recompensa está na satisfação em contemplar o feito”, conta ele, que já percorreu a Estrada Real.

A idéia lançada com o novo guia já está chamando a atenção dos governos de Minas e Rio. Investir em turismo aventureiro é uma alternativa que, além de barata, pode gerar empregos e abrir as portas para o Brasil dos livros de história. A infra-estrutura de alguns trechos ainda é precária para o alojamento dos viajantes, mas no que depender de Alfredo Laufer, sub-secretário de Turismo do Rio, não vai demorar muito para serem colocados em vigor projetos como o de capacitação de famílias locais para hospedagem dos peregrinos. “Essa iniciativa interessa a todos. Lazer, entretenimento, geração de emprego e capital a um custo mínimo”, empolga-se. Outros projetos ligados ao guia também podem ser vistos na Bienal de Arquitetura em São Paulo no stand Estrada Real e no site www.editoraestradareal.com.br.

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