Diego Armando Maradona, 39 anos, desembarcou em Cuba na quarta-feira 19 para viver mais um capítulo de sua inacreditável história. Vestindo uma camiseta com a imagem do mártir cubano Che Guevara – ele também tem o rosto do revolucionário, nascido na Argentina, tatuado no braço direito -, um dos maiores jogadores de todos os tempos pisou na ilha de Fidel Castro para iniciar um tratamento contra o vício da cocaína, que o corrói há pelo menos dez anos, desde quando ele jogava no Napoli, da Itália. O último capítulo da sua derrocada ocorreu há 15 dias, quando foi internado às pressas em um hospital de Punta del Este, no Uruguai, com hipertensão e uma grave arritmia cardíaca. Exames apontaram que a droga comprometeu 62% do coração e danificou partes dos rins, fígado e cérebro do craque. “Eu também sou um rebelde em um mundo cheio de convulsões”, disse Diego com a voz grogue, por causa de sedativos, tentando comparar sua rebeldia à do conterrâneo cravado em seu braço.

O ex-jogador já foi avisado que, se continuar a usar cocaína, terá pouco tempo de vida. “Quero viver. Sempre tive medo da morte. Não me dei conta do que estava acontecendo até o momento em que me disseram que estive morto”, desabafou ao canal de televisão Fox Sports, na sexta-feira 14. Na mesma entrevista, mostrou desequilíbrio e chegou a ser agressivo com o seu rival na disputa pelo título de maior jogador de todos os tempos. “Por que o Pelé, que perdeu a virgindade com um garoto, foi eleito atleta do século, e eu, que me drogo, sou sempre esquecido?” O Pibe de Oro está enganado. Durante sua internação, em um hospital argentino, recebeu centenas de cartas e telegramas desejando sorte. Mesmo debilitado e inchado, Maradona é ainda o maior ídolo vivo da nação argentina.

Para os médicos cubanos, o quadro não é dos piores. “A prioridade é o coração”, afirma Pedro Llerena, diretor do hospital onde o craque foi examinado. Em sua terceira visita a Cuba, o ex-jogador internou-se em um spa para um tratamento de pelo menos três meses. Se superar a dependência química, poderá realizar seus últimos sonhos: terminar o segundo grau, ter um filho homem – ele tem duas meninas – e viajar de caminhonete pela Argentina com o pai.


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