19/01/2000 - 10:00
Depois de vários anos dourados, estilistas, designers e decoradores, inspirados pelo final do milênio, criaram uma infinidade de produtos em tons prateados. São roupas, acessórios, eletrodomésticos, aparelhos celulares, automóveis. Até as paredes da casa já entraram nessa moda.
O uso de ferragens e cromados nos detalhes da casa, como pés e puxadores de móveis, é um conceito consagrado na decoração. “A grande novidade deste final de milênio é que a utilização do metal sai dos detalhes e invade as paredes”, afirma o arquiteto Antonio Ferreira Jr. Ele, em parceria com Mário Celso Bernardes, criou um ambiente com paredes prateadas na última edição Casa Cor, utilizando uma tinta especial desenvolvida pela grife internacional Ralph Lauren. “Essa tendência clean futurista, com poucos móveis, cores frias e formas arredondadas foi muito influenciada pela tecnologia”, explica Ferreira Jr.
Newton Gama Jr., gerente-geral de design da Multibrás, a maior indústria de eletrodomésticos do País, concorda. “O consumidor associa a cor prata ao futuro. As pessoas sempre vêem na televisão ou no cinema que as roupas dos astronautas e as espaçonaves são prateadas”, afirma. A empresa, que detém as marcas Brastemp e Consul, lançou duas linhas completas, com geladeiras, microondas, fogões e lava-louças seguindo a tendência. “No caso dos eletrodomésticos, a vantagem é que a durabilidade dos materiais, como é o caso do inox, e o aspecto de limpeza que eles aparentam são outras motivações para a compra”, diz Gama Jr.
O decorador Sig Bergamin acha que a grande contribuição dos tons prateados na decoração de casas e escritórios é a simplificação. “Prata é uma cor neutra que combina com tudo”, garante. Para ele, as duas palavras que irão reinar na decoração de interiores nos próximos anos são: tecnologia e integração. “No próximo milênio não vai ter uma modinha, vai ser um vale-tudo, uma integração daquilo que você já tem com todas as novidades tecnológicas que forem surgindo. A tecnologia é a grande tendência”, sentencia Bergamin.
Enquanto a onda prateada vai ganhando espaço na decoração, no setor automotivo, ela já se tornou um clássico. “Há pelo menos dez anos a cor comercial por excelência dos carros são os tons cinza-metálico”, conta Carlos Eugênio Dutra, gerente de mar-keting da Fiat. Uma pesquisa realizada recentemente pela montadora demonstra que 40% dos automóveis vendidos, independente do modelo, são em tons prata. “Como no Brasil o carro é um símbolo de status e os prateados acabam emprestando um ar mais nobre ao veículo, isso aumenta o seu valor de revenda”, explica Dutra.
Outro símbolo brasileiro de status também recebeu um banho prateado. Duas grandes empresas, a Nokia, multinacional do segmento de telecomunicações, e a Gradiente, especializada em eletroeletrônicos, lançaram, no final do ano passado, aparelhos celulares cromados que fizeram sucesso com o público. Até televisores e videocassetes, tradicionalmente pretos, também ganharam versões prateadas.
Nas vitrines das grandes joalherias, o ouro branco, tornou-se a grande vedete. “Há dois anos a gente vinha tentando emplacar peças prateadas, mas o brasileiro não tinha o hábito de comprar ouro branco. Só agora, por causa do ano 2000, é que as vendas começaram a decolar”, revela a designer Luciana Algarti, da Amsterdam Sauer.
No mundo da moda, a cor prata invadiu as coleções da última temporada. Prada, Valentino e Chanel, entre outros, lançaram calças, saias, blusas, vestidos, lingeries e acessórios tendo o prateado como tendência. “Prata não é a cor do futuro, é a cor do presente”, afirma o estilista Ocimar Versolato. A dica é combinar o prateado com os tecidos sintéticos, que têm um ar mais futurista. Apesar deste modismo, Versolato adianta que os estilistas já buscam uma saída para fugir dessa onda. “O colorido deve invadir as passarelas na próxima temporada. Não sabemos ainda qual é a medida certa, mas já estamos procurando a porta de saída”, revela. Enquanto os mestres não encontram a tal saída, o certo é continuar apostando na prata. Parece que este ano ouro só mesmo nas Olimpíadas.
