HOSPITALIDADE Mais de 500 residências serão oferecidas aos turistas. Há leitos até em favelas

Para quem deseja entender os meandros de uma grande cidade, nada melhor do que se hospedar numa casa de família, onde a equação turista-anfitrião tem tudo para acabar em amizade. Melhor ainda quando o imóvel oferece vistas de cartão-postal ou quintais salpicados de árvores centenárias. Partindo desse princípio, a Prefeitura do Rio de Janeiro cadastrou, entre os 60 mil leitos que serão oferecidos aos visitantes durante os Jogos Pan-Americanos, 507 domicílios residenciais, alguns deles localizados em favelas. No último Carnaval, por exemplo, a hospedagem na favela Vila Canoas, em São Conrado, na zona sul da cidade, agradou em cheio a alguns grupos de estrangeiros. “Eles amaram. Todos caíram no samba e alguns deles saíram até na bateria de blocos como o Furiosa”, conta Eneida Santos, da agência Favela Receptiva. Para o Pan, Eneida promete 20 residências na Vila Canoas e na vizinha Pedra Bonita a quem estiver disposto a viver a experiência.

Os fregueses típicos desse tipo de hospedagem são os europeus e americanos, que buscam um contato mais próximo com a cultura do País. No quesito violência, a hospedagem nas favelas de São Conrado parece fora do alvo porque elas não abrigam traficantes de drogas. As diárias de casal nas casas e apartamentos variam de R$ 90 a R$ 220. Já a hospedagem em quartos do tipo Cama e café (Bed and breakfast) estará restrita a 50 bucólicas residências de Santa Teresa, no Centro.

Uma das opções é uma aprazível casa de estilo eclético no Largo das Neves, em Santa Teresa, com quintal de dois mil metros quadrados. A proprietária, a psicóloga Ana Maria Clark, 53 anos, gostou tanto da experiência que já pensa em construir mais três quartos à sombra das mangueiras e dos pés de jabuticaba. “Venho de uma família de hoteleiros e gosto muito de receber”, diz ela. O artista plástico Wanderley Figueiredo, 52 anos, dono de uma das casas adaptadas para cama e café, pensa até em estudar inglês com mais afinco. “O que mais gosto é do bate-papo”, avalia ele, que já recebeu mais de 100 hóspedes em quatro anos, a maioria do Exterior.

O aluguel das casas do Pan é feito com três agências. Uma delas, a BB Brasil, tem dezenas de opções, a maioria em apartamentos nos bairros de Copacabana, Ipanema e Leblon, na zona sul, e também na Barra da Tijuca, na zona oeste. “A procura é grande”, revela André Carneiro, um dos sócios da BB Brasil.